O sentimento de indignação contra tudo isso tem colocado os trabalhadores e o povo pobre de nosso país em “pé de guerra” e mobilização. Estamos diante de uma enorme polarização política e social contra essa que é uma verdadeira guerra social contra os pobres.
Frente ao aprofundamento dos ataques aos direitos, temos assistido a uma enorme disposição de luta e resistência da classe trabalhadora que não para de fazer greves, lutas, mobilizações, retomada de territórios, ocupações urbanas e rurais, manifestações por inúmeros temas democráticos e uma infinidade de outras ações exercidas pelos diversos setores oprimidos e explorados. Destacamos o protagonismo das lutas e mobilizações promovidas pelas mulheres em todo esse período, inclusive agora quando, em meio a esse processo eleitoral, ocorreu um novo ponto alto, no último dia 29 de setembro, com poderosos atos e manifestações conduzidos sob a bandeira “#EleNão” contra Bolsonaro! Também ressaltamos o fato de, recentemente, termos realizado a maior greve geral das últimas décadas em nosso país. Portanto, nossa classe não está derrotada. Mesmo assim, nossas condições de vida só estão piorando.
No processo eleitoral, Bolsonaro, o defensor da ditadura e da tortura, esbanja provocações com suas propostas em defesa dos ricos, da retirada de nossos direitos, com seu racismo, machismo e preconceito, explicitamente assumido, contra os mais pobres e nordestinos. Ele chega ao segundo turno e traz no seu programa de governo um elemento que não podemos aceitar que se repita jamais em nossa história: defende abertamente a Ditadura Militar, os torturadores e ameaça atacar as liberdades democráticas e as organizações dos trabalhadores como, por exemplo, os sindicatos.
O chamado “fim do ativismo”, defendido por Bolsonaro, significa uma tentativa de pôr fim ao direito de lutarmos e fazermos greves e manifestações pelo direito à terra, à moradia ou em defesa dos nossos direitos trabalhistas e sociais. Ele pretende ainda, na base repressão, acabar com o direito das mulheres, negros e negras, camponeses, índios, quilombolas e LGBTs de se mobilizarem por suas pautas. Fruto desse discurso, estamos assistindo a brutais episódios de caráter protofascistas, com agressões, espancamentos e até assassinato de pessoas pelo fato de expressarem sua oposição a esse projeto excludente, opressor e defensor do fim das liberdades.
Está evidente que, nesse segundo turno, nossa tarefa é derrotar essa candidatura nas urnas e nas ruas, pois, se eleito, Bolsonaro vai governar e atacar as mobilizações, as lideranças e as liberdades democráticas. Ele o fará com o apoio ativo do aparelho repressor das Forças Armadas, como ele mesmo anuncia. É, especialmente, por esse motivo que temos de derrotá-lo.
Considerando que, no caso de ser eleito, Bolsonaro lançará mão de mais repressão contra as nossas lutas e atacará duramente as liberdades democráticas, como ele mesmo assume, não podemos dar-lhe um milímetro de espaço sequer para que essa nefasta possibilidade ocorra. Por isso, no marco da defesa da autonomia e prática da democracia operária de cada uma de nossas entidades, chamamos nossa classe a votar contra Bolsonaro.
Destacamos, no entanto que, para nós da CSP-Conlutas, indicar aos trabalhadores que votem 13 neste segundo turno para derrotar Bolsonaro tem o único objetivo de impedir que o mesmo e seus aliados cheguem eleitoralmente à Presidência da República. Dessa forma, reiteramos a compreensão de que nossa principal arena para derrotar projetos ditatoriais ou mesmo de colaboração de classes será sempre a luta direta, a efetivação prática de mecanismos de autodefesa e o enfrentamento direto contra esses projetos e seus representantes. Cabe-nos ainda afirmar que esse posicionamento não significa alimentar nenhuma ilusão ou apoio político ao PT, seus aliados e seu projeto de colaboração de classes, contra o qual, aliás, sempre lutamos e tivemos de enfrentar durante mais de uma década.
Por esse motivo, continuaremos defendendo a independência de classe e seremos oposição a um eventual governo do PT desde o seu primeiro dia.
Somado a essa orientação referente ao segundo turno dessas eleições, nossa Central, mais uma vez, faz um chamado imediato às Centrais Sindicais e às organizações do movimento de massas para iniciarmos desde já a preparação de uma nova Greve Geral. Isso é necessário porque, além do fato de Temer estar anunciando votar a Reforma da Previdência ainda esse ano, sabemos que, para atender os interesses do “mercado”, ganhe quem ganhe essas eleições, virão fortes ataques aos nossos diretos trabalhistas, previdenciários e sociais. Visando aumentar nossa capacidade de luta, unidade e enfrentamento a esses ataques devemos nos apoiar em iniciativas e chamados comuns dos movimentos como, por exemplo, o já construído e publicado entre as centrais sindicais que diz: “Reforma da Previdência: Se botar pra votar, o Brasil vai parar, de novo”!
Orientamos nossas entidades a discutirem essa resolução em suas instâncias deliberativas, junto às bases e com o conjunto dos movimentos sociais a fim de que, no marco da intervenção no processo das eleições, também possamos construir, desde já, a mais ampla unidade de ação, mobilização e resistência contra os ataques aos nossos direitos e em defesa das liberdades democráticas.
– Ditadura nunca mais!
– Pra derrotar Bolsonaro no segundo turno, vote 13!
– Oposição ao possível governo do PT desde seu primeiro dia!
– Em defesa de uma nova Greve Geral contra qualquer um venha atacar nossos diretos!
– Pela revogação imediata de todas as medidas e reformas de Temer!
– Suspensão imediata do pagamento da Dívida Pública!
– Por emprego, salário, terra e moradia!
– Aumento geral dos salários e congelamento dos preços dos alimentos e tarifas públicas!
– Defesa dos serviços e servidores públicos!
– Prisão e confisco dos bens para TODOS os corruptos e corruptores!
São Paulo, 11 de outubro de 2018.
Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas