"Se não houver reformulação da Previdência, vai acontecer daqui a dois ou três anos o que aconteceu em Portugal e na Grécia, em que a dívida da Previdência é tão grande e expressiva que lá foi preciso cortar, 30%, 40% dos vencimentos dos funcionários públicos", afirmou o emedebista.
Ladeado por Temer, Silvio Santos, sempre que utilizou a palavra, demonstrou o seu total o apoio à reforma. Entre as falácias ditas por ambos, uma muito repetida foi a de as mudanças na Previdência não prejudicariam os mais pobres.
Nada mais falso. A imposição da idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres vai afetar dramaticamente os trabalhadores com menor poder aquisitivo, que entram para o mercado de trabalho muito cedo e vivem se esquivando dos fantasmas do desemprego e da informalidade.
Para termos uma ideia, dos 96 distritos da cidade de São Paulo, 36 têm a expectativa de vida inferior a 65 anos. Isso significa que em um terço da cidade o cidadão médio não vai ter a chance de gozar do benefício.
Nos bairros Jardim Ângela, Anhanguera e Cidade Tiradentes, a expectativa de vida não chega aos 55 anos. A situação é totalmente inversa nos bairros ricos Perdizes, Moema, Jardim Paulista, Pinheiros e Alto de Pinheiros, onde, na média, seus moradores atingem 78 anos.
Outra questão é que, mesmo que o trabalhador chegue aos 65 anos (ou 62 anos, no caso das mulheres), certamente, ele vai ter um grande corte no benefício. Isso porque o período mínimo de contribuição, de 15 anos, resultaria numa redução de 40% no valor do benefício.
Inconcebível
Para o presidente da Admap, Lauro da Silva, é um absurdo que Temer e seu novo aliado, o empresário e apresentador Silvio Santos, usem uma concessão pública (no caso, a TV aberta) para desfiarem um rosário de inverdades para tentar reduzir a rejeição da população a um ataque tão grande aos seus direitos.
"É inconcebível o papel prestado pelo sr. Silvio Santos, figura que conta com a simpatia de boa parcela do povo brasileiro, e que se juntou a Temer para tentar fazer uma lavagem cerebral na cabeça dos trabalhadores. Não podemos tolerar isso. Vamos dar a resposta nas ruas, com uma nova Greve Geral no dia em que a Câmara for votar o texto", afirmou Lauro.
O que já era ruim, ficou ainda mais vexatório ao final da participação do presidente no programa: como uma espécie de "agradecimento" pela propaganda favorável à reforma, Temer tirou R$ 50 do bolso e deu ao milionário dono do Baú: "Vou fazer uma coisa que você faz com suas colegas de trabalho". Que vergonha!