Na prática, o acordo não traz alívio ao bolso do trabalhador. A proposta, enviada pelo governo por meio da medida provisória 670, traz um duplo ataque: além de prever um reajuste rebaixado, que varia de 4,5% a 6,5% segundo a faixa salarial (ver quadro abaixo), o desconto será aplicado apenas a partir de abril.
Ou seja, além de não cobrir nem a inflação do último período - que chegou a 7,7% (março de 2014 a fevereiro de 2015) -, o reajuste não valerá para os três primeiros meses deste ano, quando será aplicada a tabela antiga, de 2014.
Com isso, o valor pago a mais entre janeiro e março, cerca de R$ 78 para quem entra na primeira faixa, não será "compensado" nos meses seguintes.
Corroendo os salários
Ano após ano, o governo vem abocanhando fatias cada vez maiores do rendimento do trabalhador. Isso porque, no geral, os salários são reajustados minimamente de acordo com a inflação, o que não ocorre com a tabela. É um verdadeiro confisco do governo, já que faz com que paguemos mais imposto a cada ano.
Para se ter uma ideia, ao longo dos últimos 18 anos, a defasagem da tabela do IR chegou a 64% por conta dos seguidos reajustes abaixo da inflação.
Se fosse feita a correção, hoje o pagamento do imposto seria obrigatório para contribuintes com renda mensal a partir de R$ 2.938 e tornaria isentos milhares de trabalhadores. Hoje, quem recebe R$ 1.903,98, com a nova tabela, já é obrigado a pagar.
“Esse acordo feito por Dilma e o Congresso não resolve o problema da grande defasagem da tabela de incidência do Imposto de Renda. Defendemos a correção integral da tabela. Chega de confisco no salário do trabalhador", afirma o secretário-geral do Sindicato e membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha.
Fonte: www.sindmetalsjc.org.br