Os reajustes no setor costumam se concentrar em abril, logo depois do governo federal liberar os aumentos, mas desta vez a alta chegará antes, segundo a indústria farmacêutica, devido à pressão de custos, como energia e água, e à valorização do dólar, que encareceu a matéria-prima importada.
Ao jornal Folha de S. Paulo, diretores de indústrias brasileiras e multinacionais admitiram que já cortaram o desconto oferecido a distribuidores e varejistas.
"Nos próximos 60 dias você vai ver que os descontos na porta da farmácia devem desaparecer. A conta vai para o bolso do contribuinte", afirma Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, sindicato que reúne as principais farmacêuticas do país.
Isso ocorre porque a concorrência entre empresas sempre estimulou a prática de descontos. Com a crise, porém, esse é um procedimento que está ficando para trás.
O espaço para elevar preços é ainda maior entre os genéricos. Por lei, esse produto é obrigatoriamente 35% mais barato do que seu medicamento de referência. Na prática, porém, custa em média 50% menos. Alguns são até 85% mais baratos.
Se não bastasse tudo isso, o governo Dilma (PT) já anunciou que, no orçamento federal de 2016, irá zerar o repasse ao programa Farmácia Popular, que concede descontos de até 90% em medicamentos de uso contínuo.
Todo esse cenário vai afetar gravemente o orçamento de quem se utiliza de medicamentos, sobretudo as pessoas com idade mais avançada.