Nem parece que acabamos de sair de uma campanha eleitoral, em que os candidatos Márcio França (atual governador) e João Dória (futuro governador) apresentaram propostas maravilhosas para a Educação pública. Nessa semana, os professores da rede estadual foram informados do fechamento de mais de cem salas de aula nas várias escolas de São José dos Campos. E também que, cada sala do ensino médio, deverá ter de quarenta a quarenta e quatro alunos. Chegaremos à seguinte situação no próximo ano: uma escola com vários professores sem aula, várias salas fechadas e, as que estiverem funcionando, estarão superlotadas.
Muito dos jovens que chegam ao ensino médio carregam deficiências de sua formação nos anos de curso fundamental. Sempre é necessário ao professor, ao apresentar um quando o novo conteúdo, revisar assuntos de séries anteriores. Um grande número de alunos na sala não permite um acompanhamento mais próximo.
Os recursos de que dispõe um professor hoje da rede pública estadual são, na imensa maioria das escolas, iguais aos existentes há sessenta anos: giz, lousa e apagador. Se as avaliações mostram péssimos resultados no nível de ensino em nosso país e se o Estado alega não dispor de recursos para modernizar essa estrutura arcaica, seria razoável que nossos governantes não contribuíssem para torná-la mais precária. Mas, no estado mais rico da nação, o governo pretende economizar alguns reais do orçamento, “inchando” as salas de aula e dificultando mais o processo de ensino-aprendizagem.
Que tal o governo ouvir os pais, alunos e professores?
Ernesto Gradella é professor, ex-vereador e ex-deputado federal