Um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou movimentações bancárias suspeitas na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (filho mais velho do presidente eleito), no valor de R$ 1,2 milhão, em 2016. Entre as operações, houve um depósito de R$ 24 mil em cheque para Michele, esposa de Jair Bolsonaro.
As movimentações foram consideradas “atípicas” pelo órgão. O relatório que cita Queiroz foi anexado à Operação Furna da Onça, da Polícia Federal. O Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou uma investigação criminal sigilosa com base no relatório, que envolve membros do gabinete de 22 deputados estaduais, entre eles Flávio Bolsonaro.
Desde que o relatório foi divulgado na semana passada, Bolsonaro e seus filhos não deram uma resposta convincente. Bolsonaro disse que o cheque à Michele foi pagamento de um empréstimo.
Contudo, novas informações seguem surgindo, o que levanta cada vez mais suspeita.
Com base no relatório do Coaf, é possível verificar que os maiores saques bancários feitos por Queiroz durante aquele ano foram precedidos de depósitos de valores muito próximos. Esse tipo de movimentação é característico de uma conta de passagem, na qual o real destinatário do valor creditado não é o seu titular. O uso de dinheiro em espécie nas duas pontas da operação reforça esse indício.
O jornal O Globo foi à casa onde mora Queiroz e verificou que o assessor, que movimentou R$ 1,2 milhão em um ano, vive num local simples, na Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro, nada compatível com os valores movimentados.
Segundo a revista Época, o presidente eleito e seus três filhos dizem acumular R$ 6,1 milhões em bens, apesar de viverem exclusivamente de seus salários (exceto Flávio, que também é sócio de uma fábrica de chocolates). Porém, todos tiveram uma curva de crescimento patrimonial acentuada. A família é dona de 13 imóveis no Rio de Janeiro, que somam, em valor de mercado aproximado, R$ 15 milhões pela localização privilegiada.
“Para um governo que nem começou, ter um futuro ministro confesso de ter usado dinheiro de Caixa 2 da Odebrecht, e ter o nome e de sua família envolvendo em movimentações financeiras suspeitas, é muita contradição. Principalmente, para quem se elegeu com o discurso de combate à corrupção”, avalia Paulo Barela, integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.
“Bolsonaro enche a boca para dizer que é o novo, mas montou o governo com denunciados e envolvidos com denúncias de corrupção e irregularidades e ele próprio não sabe dar uma explicação convincente para esse caso do Coaf. Não são apenas os ataques aos direitos dos trabalhadores que o novo governo parece que vai manter. A corrupção também já demonstra que seguirá em curso”, criticou.
Fonte: CSP-Conlutas