A autorização da abertura do processo de impeachment seguirá agora para análise do Senado.
Apenas dois deputados não compareceram para votar.
Grande farsa
A votação do impeachment na Câmara mais pareceu um circo. Um circo, aliás, nada divertido.
Deputados envolvidos em escândalos de corrupção se revezavam ao microfone para declarar o "sim" ao impeachment. O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), ligado à extrema direta, ao votar pelo afastamento da presidente defendeu o golpe militar de 1964. Uma verdadeira afronta aos brasileiros.
O comando da sessão ficou por conta de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu no Supremo Tribunal Federal e acusado de ser beneficiário de propinas desviadas da Petrobras.
Durante a votação, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) não escondia a sua satisfação, pelo menos é o que mostra uma fotografia que o flagrou sorrindo ao acompanhar os números que o deixavam mais perto de assumir a cadeira da Presidência da República.
Temer contestado
Se o governo Dilma (PT) se tornou indefensável pelo ajuste fiscal e todos os ataques desferidos contra a classe trabalhadora, um provável governo Temer também conta com altíssima rejeição.
Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, a rejeição a Temer uniu os movimentos favoráveis e contrários ao impeachment: 54% dos entrevistados disseram ser favoráveis ao impeachment do vice no ato contra Dilma realizado na Avenida Paulista, enquanto 79% dos que foram à manifestação a favor do governo, no Vale do Anhangabaú, defenderam o impedimento do peemedebista.
A verdade é que a rejeição a Temer deve aumentar substancialmente quando suas propostas forem conhecidas pela população. O vice-presidente, que já está escolhendo nomes para assumir seu ministério, defende medidas duras contra os trabalhadores, como a manutenção do ajuste fiscal, a desregulamentação das leis trabalhistas (o negociado entre patrões e empregados poderia prevalecer sobre a legislação trabalhista), a reforma da Previdência e o fim do piso de benefícios previdenciários vinculados ao salário mínimo.
Fora todos eles
Não é possível trocar "seis por meia dúzia". Se o governo Dilma (PT) não representa os interesses da classe trabalhadora, uma gestão Temer deverá favorecer ainda mais os grandes empresários e banqueiros, em detrimento aos nossos direitos.
"Mesmo com a aprovação do impeachment de Dilma na Câmara, seguimos a luta pelo 'Fora todos'. Se Dilma não serve, muito menos Michel Temer, Eduardo Cunha e a oposição de direita, comandada pelo PSDB, que já esfrega as mãos para obter ministérios num eventual governo do PMDB. Na luta, vamos exigir a convocação de eleições gerais, sem a presença dos corruptos, sem financiamento dos patrões e com mesmo tempo de rádio e TV para os candidatos", disse o presidente da Admap, Lauro da Silva.
“A burguesia só quer tirar a Dilma porque, devido à sua baixa popularidade, não tem mais condições de aplicar o ajuste fiscal e os ataques contra os nossos direitos”, acrescenta Lauro.
No próximo dia 1º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, a CSP-Conlutas e outras entidades combativas vão promover uma manifestação nacional pelo "Fora todos" e "eleições gerais, já", na Avenida Paulista, em São Paulo.
As inscrições para participar da caravana da Admap já podem ser feitas na sede ou nas subsedes da entidade.