Corrupção

Cerco se fecha contra Eduardo Cunha, mas governo Dilma ensaia 'acordão'

Cerco se fecha contra Eduardo Cunha, mas governo Dilma ensaia 'acordão'
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Ao mesmo tempo em que o governo Dilma se mantém mergulhado numa crise política e econômica, a cada semana fica mais difícil a situação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ). Documentos enviados pelo ministério público da Suíça à Procuradoria Geral da República confirmam a existência de contas secretas, que teriam sido irrigadas com dinheiro desviado da Petrobras, pertencentes ao parlamentar naquele país.

Segundo o relatório do MP suíço, as quatro contas bancárias de Cunha e sua mulher, Cláudia Cordeiro Cruz, receberam R$ 23,2 milhões em propina referente ao fechamento de um contrato da Petrobras para exploração de petróleo em Benim, na África.

Apesar de continuar negando o conhecimento das contas, investigadores encontraram a assinatura de Eduardo Cunha em documentos bancários e de empresas atribuídas a ele.

A investigação dá ainda detalhes da farra feita com o dinheiro vindo da corrupção. A esposa do deputado gastou nada menos que US$ 59,7 mil (R$ 240 mil) em aulas de tênis na renomada IMG Academies, situada na Flórida, nos Estados Unidos.

Apenas um dos cartões de crédito que movimentavam uma das contas registrou gastos de US$ 525 mil (R$ 2,1 milhão) de janeiro de 2013 a abril de 2015.

Governo busca 'acordão'
Mesmo com Eduardo Cunha com lama até o pescoço, emissários de Dilma têm buscado selar uma espécie de 'acordo de paz' com o deputado, que se declara oposição ao governo petista. A estratégia do Palácio do Planalto visa impedir a abertura de um processo de impeachment da presidente da República na Câmara dos Deputados por conta dos episódios conhecidos como 'pedaladas fiscais'.

Como parte de um roteiro para se jogar a sujeira para debaixo do tapete, o governo, também envolvido em uma série de casos de corrupção, sinalizou que ofereceria uma 'trégua' a Cunha, não defendendo o afastamento do deputado e mantendo distância do movimento que pede sua cassação por quebra de decoro parlamentar.

Nesta terça-feira (13), por sinal, o PT decidiu não apoiar formalmente o pedido de cassação do deputado peemedebista, que foi protocolado no Conselho de Ética da Câmara.

Oposição de direita
A oposição de direita tampouco defende que Cunha perca o mandato e seja punido por seus crimes. Obstinados em enfraquecer e tentar derrubar o governo Dilma, partidos como PSDB, DEM e Solidariedade promovem uma 'aliança' com o presidente da Câmara, que consiste em blindá-lo para que ele 'faça andar' o processo que pode derrubar a presidente.

Os oposicionistas chegaram a divulgar uma nota, na semana passada, em que defendem a renúncia de Cunha “para que tenha plenas condições de defesa perante as acusações”. Mesmo estando longe de ser um pedido de justiça, a nota foi avaliada como um erro grave pelo deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade/SP), que ainda declarou: "Agora temos que consertar a m. que fizemos".

Em resumo, no que depender das negociatas do governo do PT, de um lado, ou da oposição de direita, do outro, todas as denúncias contra Cunha deverão parar no fundo de alguma gaveta da Procuradoria Geral da República.

Fonte: www.sindmetalsjc.org.br