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Deputados se movimentam em Brasília para aprovar anistia a si próprios

Deputados se movimentam em Brasília para aprovar anistia a si próprios
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No momento em que o país acompanha a apuração de uma série de escândalos de corrupção envolvendo pagamento de propinas e financiamento irregular de campanhas eleitorais, deputados federais se movimentam para aprovar uma lei que concede anistia aos políticos alvos da Lava Jato.

Iniciativa semelhante acabou frustrada em setembro, mas agora pode voltar a ser apresentada. Esse foi, inclusive, tema de reunião do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com líderes e integrantes dos principais partidos políticos nesta quarta-feira (16).

Na cabeça de quem defende a impunidade, é preferível enfrentar a opinião pública agora do que as consequências da delação premiada que a Odebrecht está fechando com as autoridades, que pode envolver mais de uma centena de políticos.

Ainda não há consenso sobre o texto final da anistia. Grande parte dos deputados defende que na proposta de criminalização do caixa dois eleitoral (que faz parte das 10 medidas contra a corrupção propostas pelo Ministério Público) haja uma emenda explícita que passe uma borracha nos crimes passados e que vede a possibilidade de o Judiciário enquadrar a prática em outros crimes, como corrupção e lavagem de dinheiro.

A manobra descarada conta com o apoio velado do presidente Michel Temer (PMDB), que já estaria até ensaiando o discurso a adotar caso os parlamentares consigam aprovar a medida: “quando uma pena é criada, não pode retroagir contra o réu”.

“É um escândalo o que estão tramando os parlamentares do PMDB, PSDB, PT e outros partidos envolvidos até o pescoço com a sujeira da corrupção. Enquanto tentam se livrar, são estas mesmas pessoas que querem acabar com nossos direitos, por meio da PEC do teto dos gastos e as reformas trabalhista e da Previdência”, afirmou a vice-presidente da Admap, Zélia Alcântara.