MPs 664 e 665

Dilma sanciona leis com ataque às pensões e ao seguro-desemprego

Dilma sanciona leis com ataque às pensões e ao seguro-desemprego
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A presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou as medidas provisórias 664 e 665, que, entre outros ataques, acabam com a vitaliciedade (duração para a vida inteira) da pensão concedida ao cônjuge (esposa ou marido) do segurado falecido e dificulta o acesso ao seguro-desemprego. É mais uma etapa do ajuste fiscal do governo, que penaliza as camadas menos favorecidas da população.

Os textos, que já haviam sido modificados pelo Congresso Nacional, foram aprovados com alguns vetos, entre eles o da fórmula alternativa ao fator previdenciário, chamada de 85/95.

A MP 665 foi sancionada nesta terça (16). Ela limita o acesso ao seguro-desemprego, prejudicando os trabalhadores mais pobres. Para ter acesso ao benefício, o empregado precisa ter trabalhado o dobro do período com carteira assinada, na primeira solicitação. Antes, eram seis meses. Agora, são 12. O texto também prevê a redução do valor do abono salarial (o PIS), que será pago proporcionalmente aos meses trabalhados no ano anterior.

Já a MP 664 pode ser considerada uma minireforma na Previdência Social, principalmente para as pensionistas. Transformada na lei 13.135, a MP foi sancionada por Dilma na quarta (17) e publicada no Diário Oficial de hoje. A nova legislação altera regras de cálculo do auxílio-doença, que, em vários casos, terá o valor reduzido em comparação ao que era previsto anteriormente.

Mas, sem dúvida alguma, o grande ataque da MP 664 está no direito à pensão por morte, que beneficia a esposa ou marido que perderam o seu companheiro.

Ataque às pensões
A nova lei prevê regras mais duras para a concessão de pensão, determinando que o direito só seja concedido ao cônjuge que comprove no mínimo dois anos de casamento ou união estável e pelo menos 18 contribuições mensais ao INSS ou ao regime próprio de servidor. Antes, não havia exigência de período mínimo de relacionamento e de contribuição.

Outro duro ataque diz respeito ao fim do benefício vitalício. Agora, apenas o cônjuge com mais de 44 anos terá direito à pensão até o fim de sua vida. Para quem tiver menos, o período de recebimento da pensão vai variar de três a 20 anos.

Veja só: para o cônjuge com menos de 21 anos, a pensão será paga por três anos; na faixa de 21 a 26 anos, por seis anos; entre 27 e 29, por dez anos; entre 30 e 40 anos, por 15 anos; e na idade de 41 a 43, por 20 anos. O mais grave é que, após três anos, estas faixas de idade poderão aumentar, de acordo com a expectativa de vida, calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

“Podemos dizer que o governo Dilma entrará para a história brasileira como aquele que acabou com a pensão vitalícia. Quantas viúvas e viúvos não serão condenados à miséria após perderem o direito de receberem a pensão? É uma injustiça terrível”, avalia o presidente da Admap, Lauro da Silva.

Fator 85/95 vetado
Alternativa um pouco menos prejudicial ao trabalhador que o fator previdenciário, a fórmula 85/95, incluída na MP 664, foi vetada por Dilma. A fórmula prevê que o trabalhador receba sua aposentadoria integral quando a soma da idade com o tempo de contribuição resultar em 85 para a mulher e 95 para o homem.

A reivindicação do movimento sindical combativo é de que o governo acabe com fator previdenciário, sem impor um novo ataque, como é o 85/95 (apesar de mais brando). Mas Dilma não fez nem uma coisa, nem outra.

Em outra medida provisória, a 676, editada ontem, Dilma criou um 'monstrengo', partindo da fórmula 85/95, mas progressivamente transformando-a em 90/100, em que prevê que a soma da idade com o tempo de contribuição deverá ser de 90 para mulheres e 100 para homens já no ano de 2022. Neste quadro, um trabalhador, por exemplo, só terá direito à aposentadoria integral se, aos 60 anos de idade, tiver contribuído à Previdência por 40 anos. Um absurdo!

“Com a sanção das medidas provisórias 664 e 665, Dilma ataca gravemente os direitos da classe trabalhadora. É um triste retrato do que é este governo, que tira dos trabalhadores, pensionistas e mais pobres e dá aos banqueiros e patrões. Todo o nosso repúdio a estas medidas”, disse o diretor da Admap Josias de Oliveira Mello, que também é diretor da Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos).