Tanto dentro das galerias e andares da Alesp, quando do lado de fora, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta eram jogados contra trabalhadoras e trabalhadores que resistiam e se protegiam como podiam. Um professor foi atingido por uma bala de borracha na face, durante a manifestação.
“Muita repressão tanto fora da Alesp quando dentro em todos os andares, o choque jogou gás de pimenta e bombas, para impedir que os professores de acessar as galerias”, relatou a professora Flavia, do movimento Reviravolta na Educação, que integra a CSP-Conlutas.
A Tropa de Choque cercou o prédio e fechou as entradas. A Avenida Pedro Álvares Cabral foi bloqueada em ambos sentidos pela CET.
Os policiais subiram no telhado da Alesp, invadiram o Parque Ibirapuera, que fica ao lado da Assembleia, para dispersar os manifestantes que pacificamente tentavam garantir o seu direito ao protesto.
Do lado de fora, uma professora, que preferiu não se identificar, relatou que os manifestantes sentaram em frente à portaria da Alesp para que a tropa de choque não os reprimisse, no entanto, mesmo assim, bombas foram jogadas.
Muitas pessoas não conseguiram sair e ficaram presas na Alesp devido tamanha violência.
Enquanto vereadores aprovavam esses projetos na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) a tropa de choque, a mando de Dória, reprimia professores contrários, o governador usava suas redes sociais para comemorar a aprovação. “Parlamentares que honraram os votos que receberam nas urnas”, disse em trecho da mensagem, quando na verdade honraram seus interesses não rebaixar direitos, já reduzidos dos professores.
Resistência
Desde que o projeto foi apresentado, os professores lutaram pela sua não aprovação. Conseguiram no dia 19 de fevereiro o adiamento da votação. Estavam mobilizados novamente nesta terça-feira para barrar, mas uma manobra do governo antecipou a votação, prevista para ocorrer no período da tarde.
A reforma da Previdência
A mudança não precisa de sanção do governador João Doria (PSDB), pois o texto do Projeto de Emenda à Constituição (PEC) veio do Executivo.
Com a mudança, os professores vão ter que trabalhar 40 anos para conseguir a aposentadoria integral, além de idade mínima ter aumentado de 50 para 57 anos. Sem nenhuma regra de transição.
Entre as principais mudanças propostas pelo governo estão o aumento da alíquota de contribuição de 11% para 14%, idade mínima para as aposentadorias comuns (62 anos para as mulheres e 65 anos para os homens), professores, policiais civis, agentes de vigilância e de escolta penitenciários.
Os professores terão que pagar e trabalhar mais para se aposentar. Hoje, professoras se aposentam com 50 anos de idade e 25 de contribuição; os homens vão até os 55 e contribuem por 30 anos.
A resistência continua. Preparar o 18 de março e barrar ataques!
Diante de todos os ataques aos professores, não apenas em São Paulo, mas em todo o Brasil, é preciso fortalecer e unificar as lutas.
Assim como em São Paulo, a reforma da Previdência dos servidores foi aprovada em outros estados e o setor da Educação vai somar força com outras categorias em luta.
O dia 18 terá como mote a defesa dos serviços públicos, do emprego, direitos e democracia. Também será retomada nas bandeiras de luta a denúncia da MP 905 (medida provisória) que instituiu a carteira de trabalho verde e amarela, retirando ainda mais direitos da classe trabalhadora e desregulamento ainda mais o trabalho.
É importante que cada segmento se some a esse dia de luta. Vamos barrar esses ataques!
“O que vimos hoje na Alesp foi uma grande demonstração de garra e coragem dos professores e demais servidores públicos. Os deputados só conseguiram aprovar a reforma porque se trancaram no plenário e se cercaram com o batalhão de choque, reprimindo fortemente os trabalhadores. O tempo todo lutamos e resistimos, enfrentando gás e bombas. É com essa disposição que vamos fechar novamente as escolas dia 18 e voltar às ruas. E não estaremos sozinhos. A educação e vai parar no país todo e se somar à luta unificada da classe trabalhadora. Esse é o caminho pra enfrentarmos juntos Doria, Bolsonaro e seus ataques”, concluiu Flávia.
Fonte: CSP-Conlutas