A data marca o assassinato, em 1965, de Zumbi dos Palmares, principal liderança da resistência contra a escravidão, chaga que durou cerca de 350 anos em nosso país.
Os reflexos de tantos anos de escravatura (o Brasil foi uma das últimas nações a aboli-la, somente em 1988) e a falta de reparação efetiva às vítimas dessa abominável prática resultam na desigualdade que constatamos nos dias de hoje entre brancos e negros.
Apesar de serem a maioria dos brasileiros (55,8%), os negros têm menos acesso à educação e à riqueza produzida no país e, se não bastasse, são os principais alvos da violência.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na semana passada, mostram que, entre trabalhadores desocupados, pretos e pardos são a maioria, atingindo 64,2% desse universo. O desemprego no Brasil, portanto, tem o rosto negro.
O trabalho sem carteira de trabalho também é realidade mais presente para esse segmento. Enquanto 34,6% de pessoas brancas se encontram em condições informais de trabalho, a informalidade atinge 47,3% de pretos e pardos.
Desigualdade racial
A cor da pele também influencia na condição social. Entre os 10% de brasileiros com maior rendimento per capita, os brancos representam 70,6%, enquanto os negros são 27,7%. Na outra ponta, a situação é inversa: entre os 10% de menor rendimento, 75,2% são negros, e 23,7%, brancos.
A diferença entre raças também aparece quando a comparação é feita com base nos salários. Segundo o levantamento do IBGE, negros recebem, em média, apenas 57,5% do salário de trabalhadores brancos.
Com menor renda, os negros também acabam sofrendo mais no acesso a serviços básicos. Entre pretos e pardos, por exemplo, 12,5% da população não tinha coleta de lixo (contra 6% dos brancos) e 42,8% não tinham esgotamento sanitário por rede coletora pluvial (entre os brancos esse índice é de 26,5%).
Dia de luta
Por tudo isso, o dia 20 de novembro serve para lutarmos contra essa ordem de coisas tão desigual e absurda. É dia de lutarmos contra o racismo e a discriminação!
"Sabemos que o capitalismo usa o racismo, o machismo, a LGBTfobia e todo o tipo de discriminação para enfraquecer e dividir a classe trabalhadora. É uma armadilha montada para que fique mais fácil tentar nos derrotar. O que precisamos fazer é justamente o oposto: somar todas as nossas forças em busca de uma sociedade justa, igualitária e sem a exploração de um ser humano pelo outro", afirmou o presidente da Admap, Lauro da Silva.
Esse ano, o Dia da Consciência Negra chama a atenção para a necessidade de combatermos o genocídio dos jovens negros, confinados em favelas, criminalizados e atacados pela polícia. Da mesma forma, exige uma resposta para a pergunta que atordoa a todos que não se renderam à barbarie: quem mandou matar Marielle Franco e Anderson Gomes?