Lutamos bastante em 2019, mas não foi suficiente para derrotarmos, por exemplo, a reforma da Previdência proposta pelo presidente Jair Bolsonaro. Aprovada pelo Congresso em outubro, a reforma impôs idade mínima para a aposentadoria de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres. Se não bastasse, ela ainda reduziu o valor de aposentadorias e pensões (nesse último caso, prejudicando principalmente as mulheres).
A Admap participou ativamente das mobilizações contra as mudanças na aposentadoria, como a Greve Geral realizada no dia 14 de junho. Mas faltou empenho das direções das grandes centrais para mobilizar trabalhadores e colocar o governo Bolsonaro contra a parede.
“A aprovação da reforma da Previdência representou, sem dúvida, uma derrota para os trabalhadores. Isso pode ser colocado na conta das grandes centrais sindicais, que não conduziram suas bases para a mobilização”, avaliou o vice-presidente da Admap, Josias de Melo.
As investidas de Bolsonaro durante o seu primeiro ano de governo incluíram o fim do Ministério do Trabalho, a redução de normas de segurança no trabalho e a edição da Medida Provisória 905, que criou uma nova modalidade de contratação, a Carteira de Trabalho Verde e Amarela, com menos direitos aos empregados. O financiamento da saúde e educação também foi alvo do governo.
Se não bastasse isso, Bolsonaro passou o ano todo ameaçando instituições democráticas e o trabalho da imprensa livre. Seu entorno fez apologia ao AI-5 e o próprio presidente defendeu, em várias ocasiões, que não houve golpe militar em 1964 (o que, mais que um delírio, é um crime contra a história do país e as pessoas torturadas e mortas pelo regime militar).
Exemplos e perspectivas
Em 2020, é preciso lutar mais. Não dá pra aceitar a agenda econômica ultraliberal desse governo, com repetidos ataques à classe trabalhadora e aos mais pobres. Neste sentido, é preciso seguir o exemplo que vem de fora.
Contra as políticas econômicas que agravam a desigualdade social em seus países, a América do Sul assistiu nesse ano a uma explosão de mobilizações. O Chile é o maior exemplo. Desde o outubro, o país vive uma rebelião popular, que começou contestando o aumento no metrô e, agora, põe em xeque o próprio sistema capitalista.
"É preciso fazer como os povos em luta em nosso continente. Devemos nos rebelar contra as medidas que pioram a situação do povo e concentram ainda mais a renda nas mãos de poucos privilegiados. Vamos à luta em 2020, amigos e amigas", disse o presidente da Admap, Lauro da Silva.