Pelo acordo de colaboração com a Justiça, o parlamentar ficará preso por um período máximo de 15 anos. Também foi permitido que ele parcele em até dez vezes a multa de R$ 1,5 milhão que será obrigado a pagar em decorrência das irregularidades investigadas.
Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula são fortemente atingidos pelas revelações de Delcídio, assim como ministros e ex-ministros das gestões petistas, como Aloizio Mercadante, Erenice Guerra, Silas Roundeau e Gleisi Roffmann. Entre as acusações, a de que desvios nos contratos da Petrobras e até na construção da usina de Belo Monte tenham financiado campanhas eleitorais.
O senador levantou a suspeita de que Dilma, à época presidente do Conselho de Administração da Petrobras, conhecia os problemas na operação de compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006.
O vice-presidente Michel Temer, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, também são acusados de práticas ilícitas. Além dos peemedebistas posicionados na linha sucessória se Dilma sofrer impeachment, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, também foi acusado por Delcídio.
Corrupção de longa data
No acordo de delação premiada, o ex-líder do governo revela que o esquema de corrupção na Petrobras já ocorria antes da chegada do PT ao governo, nas gestões dos presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.
Segundo ele, já na gestão do ex-presidente da estatal Joel Rennó, que comandou a Petrobras nos governos de Itamar e FHC, entre os anos de 1992 e 1999, ocorriam “casos de ilicitudes”, tanto para “enriquecimento pessoal” como também para “financiamento de campanhas políticas”.
O primeiro caso, segundo ele, ocorreu na compra da Plataforma P-36, orçada, inicialmente, em US$ 400 milhões, mas que custou aos cofres da Petrobras mais de US$ 500 milhões.
“Depois de tantos atrasos injustificados da Marítima [empresa responsável pela fabricação da plataforma], em entregar a plataforma, inclusive fazendo a Sonda P-36 passar pelo Canadá e por Singapura antes de aportar no Rio de Janeiro, o custo da compra da Sonda atingiu mais de US$ 500 milhões, em nítido prejuízo para a Petrobras”, relatou Delcídio.
Na delação, Delcídio afirma que Joel Rennó, à época, “gozava de apoio político que nenhum presidente da companhia teve ao longo da sua história”. Rennó foi o segundo presidente da Petrobras com mais tempo no cargo, atrás apenas de José Sergio Gabrielli.
No dia 1º de abril, vamos protestar!
A delação de Delcídio, figura influente no governo Dilma até bem pouco tempo e com ótimo trânsito entre os membros da oposição, é mais uma prova de que é preciso dizer “basta” a todos, desde a presidente Dilma, passando pelo Congresso corrupto e chegando até a essa oposição cínica.
A Admap vai participar das manifestações convocadas pelo “Espaço Unidade de Ação” no próximo dia 1º de abril em vários estados. Em São Paulo, o protesto será na Avenida Paulista.
“Vamos ir a São Paulo gritar ‘fora todos’ e exigir eleições gerais no Brasil. É preciso construir uma greve geral no país para que a pauta dos trabalhadores, dos aposentados e dos mais pobres seja atendida. Chega de pagarmos o preço de uma crise que não fomos nós que criamos”, disse o presidente da Admap, Lauro Silva.
Quem quiser participar da manifestação no dia 1º de abril, deve se inscrever na sede ou subsedes da Admap. Mais informações pelo telefone 3922-1341.