Horas antes, na madrugada da mesma quinta, o STF (Supremo Tribunal Federal) rejeitou, por 6 votos a 5, o pedido de habeas corpus preventivo em favor do petista.
O ex-presidente foi condenado a 12 anos e um mês de prisão, em segunda instância, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex no Guarujá (SP). O apartamento e sua reforma seriam uma retribuição da construtora OAS a Lula, por conta de favorecimentos em contratos com a Petrobras.
O PT e partidos aliados têm dito que o ex-presidente é alvo de uma "perseguição". Defendem, por exemplo, que a prisão após condenação na segunda instância (caso de Lula) seria contra o preceito constitucional da “presunção da inocência”, pois ainda caberiam recursos em instâncias superiores, como o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e o próprio STF.
De qualquer forma, uma coisa é certa: quem é perseguido no Brasil são os pobres, que não têm condições de pagar advogados renomados e os custos dos recursos judiciais. A situação do sistema prisional brasileiro é reveladora: 4 em cada 10 presos estão na cadeia "provisoriamente", sem qualquer condenação.
Outro argumento: alvo de duras críticas dos aliados de Lula, o STF tem 11 ministros. Desses, 7 foram nomeados pelo próprio petista e sua sucessora, Dilma Rousseff. Então, como justificar tal perseguição?
Mas talvez o mais importante elemento a se analisar na prisão de Lula é que a classe trabalhadora não têm se mostrado disposta a defender o ex-presidente, como pretendiam os dirigentes do Partido dos Trabalhadores. E isso ocorre possivelmente porque os trabalhadores estão fartos da corrupção promovida no país pelo PT, seu ex-aliado PMDB, PSDB e outros partidos envolvidos na Operação Lava-Jato.
Além disso, no comando do país, Lula não governou para os trabalhadores, mas para os banqueiros e grandes empresários. O ex-presidente aprovou, por exemplo, a reforma da Previdência que atacou direitos históricos dos funcionários do serviço público, em 2003. O escândalo do Mensalão, revelado anos depois, apontou que o governo petista, inclusive, comprou o apoio de parlamentares para que votassem para atacar os trabalhadores.
Em síntese, Lula, apesar de ter oferecido algumas "migalhas" às camadas mais empobrecidas da população, não mexeu nas estruturas que fazem do Brasil um dos países mais desiguais do mundo. E – é bom ressaltar – oportunidades não faltaram: o petista gozava de ótima popularidade e, por isso, poderia propor mudanças mais radicalizadas no sentido de combater, por exemplo, a inaceitável concentração de renda no país.
"Sem dúvida alguma, é uma lástima ver um ex-presidente que foi uma importante liderança sindical brasileira ser preso. Mas não podemos negar que Lula está pagando o preço de suas próprias decisões. Ele se aliou a corruptos, como José Sarney, Renan Calheiros, Michel Temer e tantos outros, e dirigiu o país priorizando as demandas dos patrões e banqueiros", afirmou o presidente da Admap, Lauro da Silva.
"Defendemos a prisão de todos os corruptos e corruptores, o confisco dos seus bens e a devolução do que foi roubado. Depois da prisão de Lula, queremos a punição de Aécio Neves, Michel Temer, Romero Jucá e outros políticos envolvidos em escândalos de corrupção“, acrescentou Lauro.