O esquema funciona assim: o atendente diz que uma determinada quantia já estaria disponível para o aposentado (como se fosse um valor atrasado devido pelo INSS). Trata-se, porém, de uma oferta disfarçada de empréstimo consignado, cujas prestações serão descontadas automaticamente do benefício. Desavisados, muitos concordam com a transação, sem perceberem a irregularidade. O atendente chega a informar ao segurado o valor de sua renda mensal, que ele ainda nem sabe qual será.
O EXTRA entrou em contato com uma dessas centrais, retornando uma ligação recebida por um aposentado. O atendente confirmou que a aposentadoria de R$ 1.063 havia liberada pelo INSS em 27 de julho. E confirmou que, para o benefício (citando o número), havia um valor a receber de R$ 10.542.
Questionado sobre como teria conseguido os dados do segurado, o funcionário disse haver uma parceria entre o INSS e todos os bancos do país. Assim, sempre que uma aposentadoria ou pensão é liberada, o órgão repassa os dados para que ofereçam empréstimos. Procurado, o INSS afirmou que os dados dos segurados são mantidos em sigilo e que, em nenhuma hipótese, fornece qualquer informação pessoal a terceiros, sejam instituições financeiras ou entidades representativas de classe.
Irregularidades
De acordo com o advogado especialista em Direito Previdenciário do Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev), Luiz Felipe Pereira Veríssimo, irregularidades e golpes contra aposentados e pensionistas do INSS são comuns pelo país. Segundo ele, as instituições conseguem acesso aos dados dos segurados e começam a oferecer crédito e facilidades, mas sem explicitar do que se trata.
Dicas
O advogado aconselha que, ao receber ligações deste tipo, o aposentado nunca aceite a contratação de um serviço por telefone. Caso tenha interesse em fazer um consignado, por exemplo, o segurado deve ir pessoalmente a um banco ou uma financeira. Além disso, é imprescindível ler o contrato para conhecer as cláusulas e as condições, em especial, as de cancelamento.
Fonte: Jornal Extra