A crise fiscal (desequilíbrio entre as receitas e despesas públicas) e a indefinição de uma política macroeconômica que seja capaz de retirar o país da recessão estão custando caro à população brasileira.
No primeiro semestre deste ano o governo federal gastou R$ 225 bilhões somente com os juros da dívida pública. Esse valor é superior aos gastos do programa “Bolsa Família” que, desde a sua criação em outubro de 2003 (portanto, há quase doze anos), totalizaram apenas R$ 167,8 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social.
O custo financeiro fica ainda mais assustador quando se verifica que no acumulado de 12 meses até junho deste ano, as despesas com juros já somam R$ 417 bilhões, ou seja, 7,32% do Produto Interno Bruto (PIB). O pior é que as expectativas do mercado e dos especialistas são ruins, pois a taxa de juros Selic não para de subir (já se encontra em 14,25% ao ano) e a inflação continua sem controle, já está próxima dos 10% ao ano.
O resultado de tudo isso é que a recessão vai se aprofundando e o PIB deve cair 2,01% em 2015 e 0,15% em 2016. Não há dinheiro, não há investimento e não há negociação política. Quem ganha são os especuladores financeiros no câmbio (o dólar já beira R$ 3,50 e vai crescendo) e os especuladores da Bolsa de Valores. Quem perde são os trabalhadores e os aposentados, que estão sendo castigados pela crise econômica.
Maurício Oliveira é economista da Cobap