Sem conseguir impedir o apoio da maioria dos senadores (de vários partidos, inclusive da base aliada), a estratégia do Palácio do Planalto agora é "tomar conta" da Comissão, segundo informações publicadas pela imprensa.
Como o tema da reforma é controverso mesmo entre os aliados, o governo não teve outra opção que não fosse a aceitação da CPI. Contudo, os governistas vão articular cargos estratégicos na CPI, como a relatoria.
A situação é semelhante à que ocorreu com a CPI do Futebol, cujo requerimento foi protocolado pelo senador Romário em 2015. Incapaz de impedir a criação e instalação da comissão, o governo fez um "jogo de cena" e controlou os trabalhos.
O pedido de autoria da CPI da Previdência é do senador Paulo Paim (PT-RS), que vê na proposta a possibilidade de investigar a real situação da Previdência Social e reafirmar a tese de que não há necessidade de reforma.
Greve Geral, já!
As manobras articuladas pelo governo demonstram a necessidade de aumentar a mobilização contra as reformas que retiram direitos.
Não basta apenas uma CPI, que, como vimos, pode ser "sequestrada" pelos aliados de Temer. É preciso uma Greve Geral, que paralise trabalhadores de todo o país, com apoio de aposentados, estudantes e a população em geral, em defesa dos direitos sob ataques.
Nesta terça-feira (21), durante a sessão no Senado que debatia justamente a criação da CPI, o dirigente sindical Luiz Carlos Prates, o Mancha, da CSP-Conlutas, defendeu que seja marcada o quanto antes uma data para a paralisação nacional.
"No dia 15 de março nós vivemos um verdadeiro ensaio de Greve Geral. Isso é uma demonstração da disposição por parte do povo de resistir. A hora é agora. Não é no segundo semestre. É necessário que as centrais marquem uma data para fazer a Greve Geral", disse Mancha, durante seu discurso, na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal.