Nesta quarta-feira (13), o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou, em nota, que um "acordo" foi fechado pelos presidentes da Câmara e do Senado, em conjunto com o governo, para adiar a votação das mudanças na aposentadoria para fevereiro.
Em nota oficial, o Planalto não desmentiu diretamente Jucá, mas disse que a data da votação será definida nesta quinta (14) pelos presidentes Temer, Eunício Oliveira (Senado) e Rodrigo Maia (Câmara).
O Planalto afirmou ainda que estão mantidas a leitura do relatório da reforma e o início de sua discussão no plenário da Câmara.
À noite, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Jucá manteve o discurso de que a proposta não será votada na semana que vem. "Eu acho que o governo tem que falar a verdade, não adianta o governo mistificar", disse o senador.
"A Câmara pode discutir a reforma no plenário, mas número para votar só quando tiver os 308 votos [placar mínimo necessário], e esse sinal, essa fumaça branca, não foi dada ainda pelos líderes do governo na Câmara", afirmou Jucá.
Os presidentes da Câmara e do Senado tentaram minimizar o anúncio. "Não combinei nada", disse Maia, após a polêmica causada pelo líder do governo. "Não fiz reunião com o Michel, não fiz reunião com ninguém", afirmou Eunício.
Trabalhadores vigilantes
Não há dúvidas de que o governo Temer encontra sérias dificuldade para conseguir os 308 votos necessários para fazer passar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Da mesma forma, é evidente que se trata de uma vitória da mobilização dos trabalhadores que o texto não seja votado em 2017.
A propaganda falaciosa do governo na televisão não surtiu efeito. Os deputados estão sentindo a pressão da população, que não quer ver o fim do seu direito à aposentadoria. Várias categorias também estão se mobilizando neste ano em que tivemos a primeira Greve Geral depois de décadas, em abril, e uma expressiva Marcha a Brasília, em maio.
Em todo o caso, é preciso continuarmos vigilantes. Só a mobilização dos trabalhadores, por meio da convocação de uma nova Greve Geral que pare o país de ponta à ponta, poderemos enterrar de vez esse ataque.
Com informações do jornal Folha de S. Paulo