A manifestação também exigiu enfaticamente a saída de Michel Temer da Presidência, num momento em que o chefe do Poder Executivo parece caminhar para seus últimos dias no Palácio do Planalto.
A marcha, iniciada no estádio Mané Garrincha por volta do meio-dia, terminou bravamente seis horas depois.
Caravanas saíram de todas as regiões do País, com trabalhadores que levavam na bagagem a vontade de lutar contra os ataques do governo Temer e de seus cúmplices que ocupam o Congresso Nacional.
Entre os trabalhadores, havia metalúrgicos, servidores, químicos, operários da construção civil, dos Correios, metroviários, construtores, condutores, petroleiros, trabalhadores rurais, têxteis, comerciários, papeleiros e tantas outras categorias. Muitos deles enfrentaram mais de 30 horas de viagem para participar da marcha.
Do Vale do Paraíba, saíram cerca de mil manifestantes. A Admap (Associação Democrática dos Aposentados e Pensionistas) levou 75 pessoas.
“Os aposentados e pensionistas se somaram à massa que exigiu a queda de Temer e de suas reformas. Enfrentamos muita repressão e gás pimenta, mas não fugimos da luta apesar da nossa idade”, afirmou o presidente da Admap, Lauro da Silva.
Repressão
De forma truculenta, o governo lançou mão de um forte aparato repressor e enviou sua tropa de choque para tentar silenciar a população. Bombas de gás, cassetetes e disparos de bala de borracha foram usados pela Polícia Militar já no início da tarde. Até mesmo a cavalaria foi acionada. Alguns militares atiraram contra os manifestantes com armas para matar. Mas os trabalhadores não se intimidaram: enfrentaram a repressão policial.
Um decreto foi assinado por Temer, no mesmo dia, autorizando o uso das Forças Armadas para conter os manifestantes, iniciativa amplamente criticada mesmo entre parlamentares da base aliada e oposição e ministros do Supremo Tribunal Federal.
Quando alguns dirigentes sindicais vacilavam diante da truculência policial, o presidente nacional do PSTU, Zé Maria, discursou no caminhão de som. "Quem está fazendo provocação aqui é o governo e a polícia. Essa é a postura de um governo que não tem nenhum apoio: repressão. Mas nós não vamos recuar. Ele querendo ou não, nós vamos protestar."
Esse 24 de maio será lembrado como o dia em que milhares de manifestantes tomaram Brasília e enfrentaram o governo e o Congresso Nacional.
"Estamos aqui para mostrar que não aceitamos essas reformas e a lei da terceirização. Queremos dizer a Temer que se ele não renunciou, a gente derruba. Vamos derrubar ele e esse Congresso corrupto. Mas não queremos apenas diretas já, queremos eleições gerais para tirar todos os corruptos do poder", discursou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.
Alberto Ledur, da Federação Nacional dos Trabalhadores do Ministério Público, afirmou: “Os trabalhadores do Ministério Público também estão na luta para derrotar Temer e suas reformas. Este governo não nos representa".
Agora, é Greve Geral de 48h
O próximo passo para derrubar as reformas e o governo Temer será parar o Brasil com uma Greve Geral de 48 horas, com a mesma disposição de luta mostrada na marcha deste dia 24. É o que defendem o nosso Sindicato e a CSP-Conlutas.
"O dia de hoje vai ficar na história como o dia em que os trabalhadores e o povo ocuparam Brasília. Não vai ser a repressão do governo Temer que vai nos parar. Vamos seguir rumo à Greve Geral”, disse o dirigente da CSP-Conlutas Luiz Carlos Prates, o Mancha.