Aparecido Agostinho, de 52 anos, teve 90% do corpo queimado e não resistiu aos ferimentos. Ele estava internado na Santa Casa de São José dos Campos quando teve uma piora no quadro e chegou a ser transferido para o hospital Albert Einstein de São Paulo.
A explosão ocorreu na quinta-feira (28) quando o equipamento passava por manutenção e testes. Dois trabalhadores, Luiz Machado Neto, 37 anos, e Altamiro Agostinho, 49, morreram na hora. A terceira vítima, Rodrigo Silva Azevedo, de 30 anos, teve queimaduras de terceiro grau em 98% do corpo e morreu na última sexta-feira.
Os laudos da perícia realizada pela Polícia Civil devem ficar prontos em 30 dias.
Todos os trabalhadores envolvidos no acidente eram terceirizados. Segundo dados do Dieese, no Brasil, de cada dez acidentes com mortes no local de trabalho, em média oito acontecem com trabalhadores terceirizados.
A caldeira que explodiu fornecia vapor e ar-comprimido para o funcionamento das máquinas da produção. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação, filiado à CSP-Conlutas, o equipamento era obsoleto e estava sendo reformado pela Heineken.
“Para economizar, a Heineken rompeu o contrato com a empresa fornecedora de energia e estava reaproveitando as caldeiras, mudando seu funcionamento de óleo para gás. O problema é que este equipamento tem quase trinta anos e estava parado há muito tempo”, denuncia o presidente do Sindicato da Alimentação, Décio Oliveira.
Maquinário antigo
A explosão na Heineken denuncia a existência de maquinário antigo em muitas fábricas da região, o que coloca em risco a segurança dos trabalhadores. No setor de Utilidades da cervejaria, onde ocorreu a explosão, as caldeiras e boa parte do maquinário são de 1988, ano da instalação da empresa em Jacareí.
Outro acidente frequente na fábrica provocado por válvulas e tubulação antigas é o vazamento de amônia -- um produto corrosivo que pode provocar intoxicação e queimaduras na pele, olhos e vias respiratórias. Apenas no ano passado foram três vazamentos, em um deles a fábrica teve de ser evacuada.
Entre as fábricas metalúrgicas, a General Motors é a campeã em problemas com maquinário antigo. Existem setores da empresa, como a Powertrain, por exemplo, onde 75% do maquinário é antigo. Existem máquinas da década de 1940, que não possuem dispositivos de segurança e ergonomia.
Segundo o Antônio Lisboa, presidente da Cipa da GM, todos os dias ocorrem acidente na área. O mais grave foi em abril do ano passado, quando um metalúrgico foi prensado por uma máquina e sofreu fraturas na clavícula, ombro e costelas.
Por mais fiscalização
Esta dura realidade não vai mudar enquanto o governo não aumentar a fiscalização nas empresas sobre as condições de trabalho e respeito às normas de saúde e segurança do trabalhador.
Infelizmente, o governo Dilma vai na contramão desta necessidade e segue cortando verbas do Ministério do Trabalho e Previdência e sucateando os órgãos de fiscalização, deixando as empresas livres para colocarem em risco a vida dos trabalhadores.
“Exigimos do governo Dilma mais fiscalização e punição às empresas que desrespeitam as normas de segurança no trabalho. O lucro não pode estar acima da vida”, afirma o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.