Essa é a 24ª fase da Operação, promovida sob as ordens do juiz Sergio Moro, e cumpriu mandados nos endereços do ex-presidente Lula e do seu filho, Fabio Luiz Lula da Silva. O Instituto Lula também confirmou presença de agentes em sua sede no Ipiranga, na capital paulista.
A Operação foi batizada de "Aletheia", em referência à expressão grega que significa “busca da verdade”.
Quais acusações recaem sobre Lula?
O Ministério Público Federal (MPF) e a PF citaram, em entrevista em Curitiba (PR), as suspeitas sobre o ex-presidente Lula:
- 47% dos recursos recebidos pela LILS (Luiz Inácio Lula da Silva) Palestras, entre 2011 e 2014, vieram de empreiteiras envolvidas na Lava Jato: Camargo Corrêa, Odebrecht, UTC, OAS, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez;
- 60% dos recursos do Instituto Lula vieram das mesmas empresas;
- A LILS Palestras e o Instituto Lula, ambas ligadas ao ex-presidente, tinham uma “confusão operacional”;
- Cerca de R$ 1 milhão foi transferido do Instituto Lula para a G4, empresa de um dos filhos do ex-presidente;
- Da OAS, Lula teria recebido um triplex no Guarujá, além de reforma e móveis de luxo no valor de R$ 1 milhão;
- Lula teria comprado dois sítios em Atibaia, em nome de terceiros, no valor de R$ 1,5 milhão;
- Crimes investigados na Lava Jato enriqueceram PT, PMDB e PP e financiaram campanhas eleitorais [apesar de ser estranho não apontarem o PSDB neste tópico, uma vez que é sabido que o partido também recebeu dinheiro de campanha].
- MPF apura se o ex-presidente sabia do esquema de desvio de recursos da petrolífera;
- Lula teria recebido benefícios do pecuarista José Carlos Bumlai;
- Pagamentos “dissimulados” seriam propina decorrente do esquema na Petrobras;
- Lula teria atuado para contrato entre a Petrobras e o grupo Schahin;
- A OAS teria pagado R$ 1,3 milhão para guardar itens retirados do Palácio Planalto quando Lula terminou o mandato;
O MPF avaliou que não há pressupostos para pedir a prisão do ex-presidente: “Nesse momento, as investigações não são conclusivas ao ponto de pedir a prisão”.
A reação cínica da oposição de direita
A oposição de direita não tardou a se manifestar sobre os acontecimentos desta manhã, em destaque figuras como os jornalistas Reinaldo Azevedo e Rodrigo Constantino, e o próprio senador Aécio Neves (PSDB-MG) já se manifestaram.
O mesmo Aécio Neves, acusado de receber “um terço” de propina no caso Furnas e com suspeitas de estar envolvido no tráfico de 500 quilos de cocaína comemorou. Aécio se manifestou com pérolas do tipo: “que os brasileiros possam ter acesso à verdade que há muito tempo vem sendo sonegada ao país”. Ou ainda: “Os graves indícios de irregularidades e crimes cometidos à sombra do projeto de poder do PT finalmente estão vindo à luz”. Ao final, teve a cara de pau de dizer que o Brasil merece conhecer a verdade, como se isso não fosse afetá-lo.
O que diz o governismo
Já o Instituto Lula, em nota oficial para a imprensa, caracteriza a ação da PF na casa do ex-presidente e a condução coercitiva como “arbitrária, ilegal e injustificável”. Segundo o texto: “Não é a credibilidade de Lula, mas da Operação Lava Jato que fica comprometida, quando seus dirigentes voltam-se para um alvo político sob os mais frágeis pretextos”.
Também alardeiam que a ação já é uma explícita manifestação do golpe de direita em andamento no país.
Juntos na corrupção e nos ataques aos trabalhadores
Fica claro que a ação da PF e o estardalhaço da mídia visam desgastar o ex-presidente e o governo petista. Contudo, também mostra o grau de envolvimento dos políticos brasileiros e empresários em torno da corrupção no país, que se tornou generalizada. Já não é só um “mérito” da direita.
O fato é que, em troca de tais beneficiamentos espúrios de políticos e empresas, desviou-se verbas que deveriam ir para as áreas sociais no país, como saúde, educação, saneamento básico, transporte e moradia.
Em troca de tais beneficiamentos políticos, a direita, o PT, a patronal nacional e as multinacionais juntaram-se para atacar direitos históricos dos trabalhadores, garantindo assim apenas aumento dos lucros das empresas e a desobrigação do estado com diversas frentes sociais. Entre esses ataques estão os projetos de ampliação da terceirização no país, a desregulamentação de leis trabalhistas, os ataques à aposentadoria do trabalhador, o sucateamento da saúde e educação públicas, as privatizações de estatais estratégicas para o país, a criminalização das lutas e dos povos das periferias, o impulsionamento do agronegócio promovendo o genocídio de povos indígenas e quilombolas.
Os ataques promovidos pelos governos petistas e a oposição de direita, juntos nessas ações, não são poucos. E, se a corrupção continuou a olhos vistos, é porque sabe-se que não havia punição no país – resquícios da ditadura civil-militar.
A burguesia defende os seus
Entretanto, o PT não se deu conta de que a burguesia prefere atuar com os seus a usar capachos. Assim, no momento em que puder descartar o PT fará tudo para tal.
Os governos do PT, não somente o federal, mas estaduais e municipais, incorporaram a corrupção política e financeira, na traição aos interesses dos trabalhadores e também na hipocrisia tão comum aos poderosos. Como o próprio Lula gostava de bradar “Nunca antes neste país os banqueiros ganharam tanto”, e para os trabalhadores promoveu a ilusão de uma ascensão social que despenca diante da primeira crise.
Os grandes empresários, banqueiros e seus partidos não têm compaixão e não perdoam seus aliados de última hora, aqueles que um dia representaram a classe trabalhadora, quando os mesmos já não lhes servem mais. É assim que parte da elite brasileira vê hoje o PT. Mas isto é tão velho e tão comum que nem precisaria ser lembrado. Mas o PT parece ter esquecido.
Basta de Dilma, desse Congresso, do PMDB, PSDB e demais alternativas de direita!
Portanto, para a CSP-Conlutas não basta apenas a investigação sobre Lula e o PT. Queremos punição de todos: PSDB, PMDB, DEM, PP e outros.
Queremos a punição de Eduardo Cunha (PMDB), por exemplo, não queremos que ele não seja apenas réu e fique por isso mesmo. Queremos a punição de Aécio Neves, de Geraldo Alckmin e de outros políticos do PSDB, responsáveis por tanta sujeira e ataques aos trabalhadores, com o esquema de corrupção milionário no metrô de São Paulo que envolve a empresa Alstom e o governo tucano de Alckmin, o de Furnas e o desvio de verbas da merenda escolar promovido por este mesmo governo. Ainda não esquecemos a compra de votos pelo governo FHC para a reeleição ou o propinoduto tucano.
O PMDB mantém a defesa de um corrupto com contas na Suíça na presidência da Câmara e é um dos partidos mais corrompidos e corruptíveis do país. É como diz o ditado “se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão”.
Todos os envolvidos em corrupção deveriam estar presos e devolvendo ao povo o dinheiro que lhes foi roubado
Assim, não podemos cair no discurso que essa ação é um “golpe da direita”, precisamos exigir que as investigações avancem e cheguem a todos os políticos corruptos e às empresas corruptoras. É dessa forma que vamos virar esse jogo para o lado dos trabalhadores. O mal menor não serve aos trabalhadores, aos jovens e todos aqueles e aquelas que foram as ruas para construir um país para a maioria do povo, especialmente para a classe trabalhadora e para a juventude, e que irão continuar nas ruas.
Por isso, a CSP-Conlutas reforça a sua política aprovada em Congresso Nacional da Central: “Nem o PT representa mais os trabalhadores, nem a oposição de direita é alternativa! Contra Dilma-PT; Temer, Cunha e Renan-PMDB; Aécio-PSDB!”
Somos por uma alternativa independente de governos e patrões, uma alternativa classista e de combate contra os dois campos burgueses, seja o governista da CUT e do PT, seja o da oposição de direita, de Aécio Neves, apoiado pela Força Sindical.
Fazemos um chamado para que as organizações e entidades se unifiquem em torno dessa bandeira e levantem nas ruas a defesa da classe trabalhadora e do povo pobre, diante da crise política instalada no país.
Fonte: CSP-Conlutas