A escandalosa lucratividade dos bancos no Brasil é uma demonstração concreta da supremacia absoluta do sistema financeiro sobre o conjunto de nossa economia e de nossa sociedade.
O sistema bancário consegue exercer sua hegemonia política e ideológica, tendo atravessado sem maiores sobressaltos o período de severa turbulência da crise internacional, a partir de 2008. As filiais dos conglomerados internacionais usam e abusam de suas operações por aqui para remeter lucros em direção às matrizes e, assim, buscar uma forma de aliviar as suas dificuldades em escala global. Em outras palavras, as vantagens financeiras das filiais dos bancos internacionais no Brasil sustentam, muitas vezes, as dificuldades enfrentadas pelas suas matrizes ao redor do mundo.
O setor financeiro ainda consegue resistir a qualquer tentativa de regulamentação. No Brasil o financismo se impõe através dos meios de comunicação, das universidades, das instituições de pesquisa e das áreas econômicas dos governos. Seu discurso e sua lógica de funcionamento são incorporados pelos formadores de opinião e pelos formuladores de políticas públicas como se fosse algo “normal”.
Esse processo de naturalização da exploração e da desigualdade procura transformar os bancos em entidades simples e ordinárias, como todas as demais de nosso tecido social. No entanto, a realidade é outra. Os bancos sufocam a nossa economia e nossas famílias na ânsia infinita de aumentar os lucros e enriquecer os banqueiros.
Os bancos operando no Brasil apresentam as maiores taxas de lucratividade do mundo. Contribui para tanto o ambiente favorável de taxas oficiais de juros elevadíssimas há décadas e seu papel de destaque na administração do processo de endividamento público.
Maurício Oliveira é economista e assessor da Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos)