No início da manhã, os trabalhadores da produção já haviam decidido em assembleia dar continuidade à greve iniciada na terça-feira (24). O cenário mudou com a chegada dos funcionários do setor administrativo. Homens da Polícia Militar e da Tropa de Choque fizeram um corredor polonês para que, intimidados, os trabalhadores entrassem na fábrica.
Além da Polícia Militar, também estavam no local policiais da Aeronáutica. Alex da Silva Gomes e Herbert Claros, dirigentes sindicais que estavam em frente ao portão principal da Embraer, chegaram a ser agredidos com cassetetes pela PM. Alex foi detido e levado para a Delegacia da Polícia Federal, mas não houve indiciamento.
Diante da truculência da Polícia Militar, o Sindicato decidiu orientar os trabalhadores de todos os setores a entrarem na fábrica.
Empresa mantém proposta
Na noite de ontem, representantes da Embraer chamaram o Sindicato para uma reunião, às 21 horas, mas não apresentaram nenhuma nova proposta. Mesmo assim, exigiam o fim da greve.
Os trabalhadores reivindicam 6,37% de reajuste salarial, enquanto a empresa propõe apenas a inflação (3,28%) e retirada de direitos da Convenção Coletiva da categoria. O Sindicato defende a continuidade das negociações, desde que tenham avanços na proposta patronal.
“A truculência da PM a mando da empresa é um crime contra o direito à livre organização sindical e ao direito constitucional de greve. A paralisação foi suspensa, mas a luta dos trabalhadores continua e a greve pode voltar a qualquer momento”, afirma o diretor do Sindicato Herbert Claros.
A unidade da Embraer da Av. Faria Lima produz aviões comerciais. É esta a fábrica que está sendo vendida para a Boeing.
“Não é por acaso que a Embraer insiste na liberação da terceirização dentro da fábrica. A Boeing tem todo interesse em acabar com essa cláusula”, conclui Herbert.
“O Sindicato vai tomar todas as medidas judiciais necessárias para denunciar o uso do Estado por uma empresa privada para reprimir os trabalhadores. Isto é grave e tem de ser apurado”, afirma o advogado do Sindicato Aristeu Pinto Neto.
A Admap manifesta todo o seu apoio à luta dos trabalhadores da Embraer e ao Sindicato dos Metalúrgicos.