As informações foram publicadas pelo jornal O Globo.
No Maranhão e Alagoas, por exemplo, ambos no Nordeste do país, caso a reforma fosse aprovada neste ano, os homens – com expectativa de vida de 66 anos, conforme dados do IBGE – só receberiam o benefício por um ano.
Já em estados do Norte, como Rondônia, Amazonas e Pará, os segurados homens do INSS – com expectativa de vida de 68 anos – só teriam acesso ao benefício por três anos.
As propostas de mudanças também afetariam diretamente as mulheres desses estados. Pelas regras atuais, as mulheres com 30 anos de contribuição e 55 de idade poderiam se aposentar pela regra 85/95 com benefício integral. Porém, se a reforma for aprovada com fixação da idade mínima, só poderão requerer o benefício aos 65. No caso das seguradas do Maranhão e Rondônia – onde a expectativa de vida no ano passado era de 74 anos –, elas só teriam acesso ao benefício por nove anos.
A especialista em Previdência Denise Gentil, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que, se aprovada como pretende o governo federal, a reforma punirá trabalhadores das regiões mais pobres do país, que exercem funções muito desgastantes.
“É uma medida que vai atingir, principalmente, os mais pobres, das periferias, em especial os trabalhadores do Norte e Nordeste do país, o que fará com que a pobreza aumente muito. Isso porque milhares de pessoas nunca conseguirão ter acesso à aposentadoria”, afirmou Gentil, ao jornal.
Segundo pesquisa da economista, a probabilidade de um trabalhador homem da classe C brasileira não chegar aos 65 é de 37%. Na Suécia, um dos países que o governo federal usa como exemplo para embasar a reforma, este mesmo percentual é de 13%, segundo a professora.
“O governo usa a experiência de países desenvolvidos para basear a reforma da Previdência, o que é totalmente errado. Na minha opinião, a reforma deve ser feita de forma gradual, na qual o estabelecimento de uma idade mínima só fosse fixado daqui a 10 ou 15 anos”, destaca.
Em discussão entre os parlamentares, o texto original da reforma já recebeu 146 emendas, ou seja, propostas de alteração nas novas regras propostas pelo governo.
A Admap defende a rejeição completa à reforma da Previdência. “Não há o que remendar nessa proposta que ataca o direito sagrado à aposentadoria. Nossa luta é que ela seja reprovada em sua íntegra”, disse a vice-presidente da Admap, Zélia Alcântara.