O presidente se pronunciou em cadeia nacional: “Pela paz e pelo futuro de nosso país decidimos manter o toque de recolher em Quito até o próximo aviso; ademais, revisaremos o Decreto 883 conforme o pedido de organizações indígenas e setores sociais para assegurar que os recursos cheguem ao campo”.
De acordo com a agência Reuters, Moreno disse ainda que irá estudar as consequências do projeto, que levou às manifestações, mais de perto, buscando uma forma de garantir que a lei possa beneficiar as comunidades locais.
Foi divulgado também que o governo pretende revisar as medidas de austeridade e que manterá o toque de recolher estabelecido na capital do país.
Moreno havia se recusado a abandonar as medidas de austeridade, que foram apresentadas como reformas econômicas, e reduziriam a dívida do país, segundo o governo, para cerca de US$ 1 bilhão até 2020.
O fim dos subsídios é uma das principais razões da revolta do povo equatoriano. Além disso, as medidas anunciadas pelo governo favoreceriam os grandes empresários do comércio, cuja previsão era que recebessem aproximadamente 350 milhões em isenção de impostos, enquanto os funcionários públicos teriam redução de aproximadamente 320 milhões com o desconto de 1 dia de salário mensal e dos 15 dias de férias.
As imposições foram feitas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) para conceder empréstimo ao país.
Ou seja, não diferente de outros países, os ajustes do governo de Moreno seriam à custa dos trabalhadores e do povo mais pauperizado, assim como vêm impondo os governos em diversos países.
Saiba mais
A crise equatoriana acomete a todos os demais países no continente. A atual conjuntura política vivida pelos trabalhadores do Equador se assemelha a outros países como Argentina, Chile, Peru e até mesmo o Brasil.
As mobilizações começaram no dia 3 de outubro. A população se revoltou com o anúncio do aumento nos preços dos combustíveis, quando o país já vinha sofrendo com as altas taxas de desemprego e miséria.
Paralisações nas principais cidades, bloqueios de estradas, greves no setor produtivo e nos meios de transporte e uma Greve Geral na quarta-feira (9) mostraram que a força dos trabalhadores e do povo podem obrigar governos a recuar de suas medidas.
As manifestações foram duramente reprimidas, mesmo assim o povo não arregou das ruas e das greves. Em sete dias houve cinco mortos e 929 presos.
A CSP-Conlutas realizou ato em frente ao consulado do Equador em São Paulo na quarta-feira (9), dia da greve geral. A Central entregou moção de solidariedade e enviou mensagem em vídeo de apoio aos trabalhadores e lutadores, aos indígenas, camponeses, que se levantam contra o governo de Lenin Moreno e o FMI.
Fonte: CSP-Conlutas