MP 665

Sob pressão do governo, Câmara aprova MP que restringe seguro-desemprego e PIS

Sob pressão do governo, Câmara aprova MP que restringe seguro-desemprego e PIS
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O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (6) o texto-base da Medida Provisória 665/14, que endurece as regras de concessão do seguro-desemprego, do abono salarial e do seguro-defeso para o pescador profissional. O texto foi aprovado por 252 votos a 227. Os destaques oferecidos à matéria serão analisados nesta quinta-feira (7).

Entre os pontos que ainda dependem da votação de destaques estão os prazos a serem observados pelo trabalhador para a solicitação do seguro.

A redação aprovada pela Câmara é o relatório da comissão mista que analisou a MP, de autoria do senador Paulo Rocha (PT-PA). O relatório prevê que, para o primeiro pedido, o trabalhador precisará comprovar o recebimento de salários em pelo menos 12 meses nos 18 meses anteriores à data da dispensa.

No segundo pedido, deverá comprovar o recebimento de 9 salários nos 12 meses anteriores. A partir da terceira solicitação, a regra continua igual à atual: comprovar o recebimento nos seis meses anteriores à demissão

A versão original da MP previa 18 salários em 24 meses no primeiro pedido e 12 salários em 16 meses no segundo requerimento. Antes da MP, o período de trabalho exigido era de seis meses desde a primeira solicitação.

Outra mudança em relação à regra atual é a proibição de usar esses mesmos períodos de salário recebido nos próximos pedidos, o que dificulta o recebimento do benefício em intervalos menores.

Esses pontos podem mudar se algum destaque sobre eles for aprovado.

Quanto ao abono anual (PIS), passam a ser exigidos 90 dias de trabalho no ano anterior. Antes da MP, era apenas um mês. Além disso, o valor também será reduzido: ao invés de ser um salário mínimo, este valor será proporcional aos meses trabalhados.

Quem paga é o trabalhador

A MP 665 faz parte do chamado ajuste fiscal promovido pelo governo Dilma, que ataca direitos dos trabalhadores para poupar recursos para o pagamento da dívida pública.

"O texto empurra a conta da crise para os trabalhadores, ao restringir o acesso a benefícios como o abono salarial e o seguro-desemprego. Os afetados serão os mais pobres, que já sofrem com a inflação e as demissões em diversos setores da economia. O pacote atinge a base social do petismo e expõe o rompimento das promessas de campanha da presidente, reeleita no ano passado", atesta o articulista da Folha de S. Paulo Bernardo Melo Franco, na edição de hoje do jornal.

O Planalto usou sua "tropa de choque" para impor sua vitória na Câmara, com a ida de ministros e do vice-presidente Michel Temer (PMDB) para pressionar os deputados. Além disso, o governo adotou novamente a prática repudiável de oferecer cargos para evitar votos contrários.

A MP 664, que ataca o direito à pensão por morte e altera regras do auxílio-doença, também poderá ser votada ainda nesta semana.

A Admap é a favor da rejeição completa às MPs 664 e 665.