Aécio foi gravado, em março do ano passado, pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, da JBS. O valor foi entregue em parcelas a pessoas próximas ao tucano, segundo a acusação. A Polícia Federal chegou a filmar a entrega de dinheiro vivo a um primo dele.
A acusação pelo crime de corrupção passiva foi recebida por unanimidade na turma, composta por cinco ministros. Já a de obstrução da Justiça foi acolhida por maioria, de 4 a 1.
A aceitação da denúncia, proposta pela Procuradoria-Geral da República, agrava a situação de crise entre os tucanos e comprova que a corrupção também infesta aquele ninho.
Aécio presidiu o PSDB até dezembro do ano passado. Ele é o segundo ex-presidente nacional do partido a ser processado criminalmente. Eduardo Azeredo, que assim como Aécio governou o estado de Minas Gerais e presidiu o PSDB, começou a ser processado pelo chamado "Mensalão Tucano", em 2007, e já foi condenado em duas instâncias judiciais.
Alckmin chamuscado
Em campanha à Presidência, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) também deve ter a imagem abalada pela situação de Aécio, ex-candidato ao Palácio do Planalto em 2014. Recentemente, Alckmin foi beneficiado pelo Supremo, que mandou o inquérito dele da justiça criminal para a justiça eleitoral, muito mais branda.
O nome de Alckmin apareceu nas delações premiadas de três executivos da construtora Odebrecht. Benedicto Júnior, acusado de fazer parte do 'departamento de propinas' da empresa, disse que, no total, foram destinados R$ 10 milhões de caixa 2 às campanhas de Alckmin em 2010 e 2014.
Prisão de todos os corruptos
A aceitação da denúncia contra Aécio e o envio do processo de Alckmin para a esfera eleitoral mostram que as investigações contra os tucanos ainda estão muito aquém de onde deveriam estar.
É preciso nos mobilizarmos para exigir a prisão de todos os corruptos e corruptores e o confisco dos seus bens para ressarcir os cofres públicos.
"Caiu a máscara do Aécio, que se dizia o candidato contra a corrupção em 2014. Mas não adianta transformá-lo em réu agora para livrá-lo depois. Queremos cadeia para todos os corruptos, sejam eles do PSDB, MDB, PT e os outros partidos envolvidos na Lava-Jato", afirmou o presidente da Admap, Lauro da Silva.