Além de pressionar parlamentares com a distribuição ou retirada de cargos (o tradicional "toma lá, dá cá" da política brasileira), Temer está negociando perdoar dívidas de empresas e municípios em troca de votos a favor da reforma.
Nesta terça-feira (16), o presidente assinou uma medida provisória que estabelece o refinanciamento de cerca de R$ 75 bilhões em dívidas de 600 cidades com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
A medida permite redução de 80% dos juros e 25% dos encargos e multas referentes aos débitos. Resultado: o governo federal deixará de arrecadar R$ 30 bilhões. Como parte do trato, a Marcha Nacional dos Prefeitos manifestou o seu apoio à reforma da Previdência.
Patrões e ruralistas
O jornal Folha de S. Paulo, na edição desta terça, revelou que o Palácio do Planalto cedeu ao Congresso Nacional e concordou em permitir descontos de multas e juros para regularização de dívidas de empresas.
Batizado como Programa de Regularização Tributária (PRT), e popularmente conhecido como novo Refis, o novo plano começou a ser discutido depois que o Congresso alterou proposta original do governo, incluindo vários benefícios para devedores.
Segundo o jornal, a expectativa de arrecadação com o novo Refis, que era de cerca de R$ 8 bilhões originalmente, passou para cerca de R$ 1 bilhão no plano alterado pelos congressistas. Como se encontra, o projeto garante às empresas devedoras até 90% de desconto em suas multas.
O governo também tem cedido ao lobby da bancada do agronegócio ao negociar benefícios para produtores rurais que tem dívidas com o Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural).
"É muito descaramento desse governo corrupto. Perdoam dívidas dos patrões, ruralistas e prefeitos para tentar aprovar uma reforma que vai penalizar sobretudo os mais pobres. Por isso, vamos ocupar Brasília no próximo dia 24 contra os ataques aos direitos do povo brasileiro", afirmou o presidente da Admap, Lauro da Silva.