As demissões foram feitas sem qualquer negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, ferindo acordo para preservação de emprego assinado em abril, justamente num período de calamidade pública provocada pela pandemia do coronavírus.
Nem mesmo o PDV foi negociado. A empresa apenas apresentou o programa, sem aceitar alternativas.
"A Admap apoia a mobilização dos trabalhadores da Embraer e manifesta o seu mais profundo repúdio contra a postura da direção da empresa. Demitir na pandemia é algo absolutamente desumano", afirma o presidente da Admap, Lauro da Silva.
Greve e denúncia
Na tarde de quinta (3), os trabalhadores da Embraer entraram em greve. Eles exigem o cancelamento imediato de todas as demissões, inclusive as relativas ao PDV, estabilidade no emprego e equalização dos altos salários da empresa.
De acordo com documento oficial da Embraer, anexado ao processo 5004564-38.2020.4.03.6103 da 3ª. Vara Federal de São José dos Campos, há três salários superiores a R$ 1 milhão por mês na empresa. Um deles chega a R$ 2.170.666,62 e é descrito no documento como sendo de um conselheiro.
Há ainda o registro de 46 salários superiores a R$ 100 mil e 127 superiores a R$ 50 mil (dados de abril).
Cálculo realizado pelo Ilaese (Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos) mostra que a massa salarial de 170 funcionários do alto escalão da Embraer pagaria os ordenados de 2.553 trabalhadores.
Saída é a reestatização
Para garantir os empregos e a soberania nacional, o Sindicato defende que a Embraer volte a ser uma empresa 100% estatal. Na campanha pela reestatização da empresa, iniciada em maio, a entidade já alertava sobre os riscos aos empregos gerados pelo acordo fracassado com a Boring. Para que os trabalhadores não fiquem à mercê dos acionistas é necessário transformar a Embraer novamente em uma empresa pública.