A primeira pessoa imunizada foi a enfermeira Monica Calazans, de 54 anos, que trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital paulista. Com obesidade, hipertensão e diabetes, ela faz parte do grupo de risco.
Monica se emocionou ao chegar para receber o imunizante. “São 10 meses de sofrimento e mortes, você não sabe o quanto isso representa”, disse, chorando.
O início da vacinação deve ser comemorado, mas o nosso país está muito atrasado na tarefa de imunizar a sua população, neste momento em que o número de infecções e mortes sobem de forma dramática.
Essa situação ocorre principalmente pela postura genocida do presidente Jair Bolsonaro, que, além de minimizar a gravidade da doença e desestimular medidas preventivas, não organizou um programa de vacinação que pudesse responder à situação caótica do país, segundo em número de óbitos no mundo.
Um exemplo recente foi o fracasso do Ministério da Saúde, comandado por um militar sem nenhum conhecimento na área, em importar da Índia um lote com dois milhões de doses da vacina AstraZeneca-Oxford. Por enquanto, não há prazo para recebimento do imunizante, tampouco de início da produção dele nos laboratórios da Fiocruz, em nosso país, por falta de insumos.
A única vacina disponível no país, por enquanto, é a Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac.
Outro fracasso do governo ocorreu na tentativa de comprar seringas e agulhas para a campanha de vacinação contra a covid. Um erro primário, que mostra o grau de amadorismo e inconsequência do Palácio do Planalto.
Negacionismo
Bolsonaro promove sua política genocida também ao não incentivar e, inclusive, lançar dúvidas sobre a eficácia da vacina.
O presidente chegou a ironizar a eficácia geral da Coronavac, estimada em torno de 50%, sobretudo pela disputa política que trava com o governo do Estado de São Paulo, João Doria (PSDB), fiador do imunizante. Depois, sem alternativas de vacinas de outros laboratórios em virtude do atraso na sua atuação, o Ministério da Saúde foi obrigado a adquirir a vacina do laboratório chinês.
O chefe do Poder Executivo também sempre repete que a vacinação não será obrigatória. Assim, ao invés de incentivar o uso de um instrumento que servirá para salvar milhões de vidas, faz o papel de estimulador da desconfiança da população e dos segmentos que negam a ciência.
Idosos
A vacinação de idosos deve ocorrer a partir de fevereiro, segundo calendário apresentado pelas autoridades. Para a Admap, é essencial que todos se vacinem e façam pressão pelos meios que tiverem (redes sociais, por exemplo) para que o imunizante seja disponibilizado para toda a população.
“O início da vacinação, embora objeto de uma disputa política mesquinha, é uma ótima notícia para os brasileiros. Agora, vamos nos vacinar e continuar cuidando da nossa prevenção, com uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento social até conseguirmos imunizar a ampla maioria dos brasileiros”, afirmou o presidente da Admap, Lauro da Silva.