A inflação tem forçado a maioria dos brasileiros a mudar o jeito de consumir. Segundo pesquisa do Datafolha, 58% da população reduziu a quantidade de alimentos comprados — entre os mais pobres, o índice sobe para 67%. Além disso, 80% dos entrevistados disseram ter adotado alguma mudança nos hábitos por causa da alta de preços.
Entre os principais ajustes estão: sair menos para comer fora (61%), trocar marcas por versões mais baratas (50%) e cortar o consumo de café (49%). Redução no uso de água, luz e gás também foi mencionada por metade dos entrevistados, enquanto 47% buscaram uma nova fonte de renda.
A percepção sobre a responsabilidade do governo Lula na alta dos preços é significativa: 54% atribuem grande culpa ao Planalto, e outros 29%, alguma culpa. Mesmo entre eleitores do presidente, 72% reconhecem responsabilidade do governo.
O impacto da inflação é ainda mais evidente entre os mais pobres: 25% afirmam ter menos comida do que o suficiente em casa. O levantamento ouviu 3.054 pessoas entre 1º e 3 de abril e tem margem de erro de dois pontos percentuais.
O aumento no custo de vida é impulsionado principalmente pelos preços de alimentos e bebidas. Em março, essa categoria registrou alta de 1,17%, puxada por produtos como tomate (22,55%), ovos (13,13%) e café moído (8,14%).
"A alta do custo de vida está tirando comida do prato do trabalhador. Os aposentados e pensionistas sofrem ainda mais por conta da perda do poder de compra dos seus benefícios. Precisamos cobrar do governo Lula mudanças na política econômica e aumento real para os benefícios", afirmou o presidente da Admap, Josias de Oliveira Melo.