Impactados com a desvalorização acumulada dos benefícios em relação ao salário mínimo e para fazer frente à elevação das despesas por conta da crise da covid-19, aposentados e pensionistas do INSS reivindicam aumento real (reajuste acima da inflação) em seus vencimentos.
A origem da perda do poder de compra está na concessão de reajustes diferenciados entre os benefícios previdenciários e o salário mínimo, ao longo dos anos. Estudos da Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), a qual a Admap é filiada, apontam que os vencimentos de aposentados e pensionistas precisariam ser reajustados em 86% para repor a desvalorização ante o mínimo, no período de 1994 a 2018.
A pandemia também causou prejuízos severos aos aposentados e pensionistas, que tiveram de socorrer financeiramente filhos, netos e outros parentes que perderam o emprego ou tiveram redução salarial.
Aumento do salário mínimo
O reajuste do mínimo em 2022 prevê elevar os atuais R$ 1.100 para R$ 1.169. Mas o valor final só deverá ser conhecido em janeiro, quando o governo tiver o percentual acumulado da inflação deste ano.
Esse reajuste vai impactar a vida de 50 milhões de pessoas que ganham o piso nacional. Entre elas, 24 milhões são beneficiárias do INSS (aposentadorias, pensões e auxílios).
O valor do salário mínimo no Brasil é 5 vezes menor do que o necessário para sustentar uma família de quatro pessoas, levando em consideração o piso atual (R$ 1.100). De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo em setembro deveria ter sido de R$ 5.657,66. O cálculo é feito de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo instituto.
"Esses números demonstram que os trabalhadores mais pobres e os beneficiários do INSS precisam se mobilizar para exigir a valorização dos seus vencimentos. Essa é uma das pautas prioritárias da Admap", revela o presidente da Admap, Lauro da Silva.
14º salário
A Associação também reivindica a concessão de um 14º salário para os aposentados e pensionistas ao final desse ano, como forma de repor parte das perdas que a categoria tem amargado, sobretudo com a ajuda que o segmento foi obrigado a oferecer a familiares durante a atual crise econômica e sanitária.
O projeto sobre o tema foi aprovado, no dia 23 de setembro, na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara dos Deputados. Na Comissão, foi anexado ao texto original a proposta do pagamento do 14º até 2023, bem como um abono extra a quem recebe auxílio-doença ou auxílio-acidente.
Se aprovada em outras duas comissões da Câmara, a proposta seguirá para análise no Senado. Ao fim de toda a tramitação, ainda terá de passar pela sanção do presidente.