No próximo dia 22 de janeiro completam-se 10 anos de um dos episódios mais violentos da história da luta por moradia no país e um vergonhoso exemplo de como interesses mesquinhos de ricos e poderosos costumam prevalecer diante da vida de milhares de pessoas carentes. 10 anos da desocupação do Pinheirinho!
Trabalhadores de diversas categorias, líderes sindicais e políticos e representantes da sociedade civil farão um ato para marcar a data e deixar claro que tamanha atrocidade não deve ser esquecida. O ato será realizado em frente ao terreno da antiga ocupação, na Estrada do Imperador, na região sul de São José dos Campos.
Os aposentados e pensionistas da Admap estarão presentes.
Desocupação cruel
Pela crueldade, truculência e violação dos direitos humanos de 1.800 famílias que moravam no local, a desocupação do Pinheirinho ganhou repercussão nacional e internacional.
O fato provocou enorme indignação diante de tamanha crueldade e violência. A ação entrou para a história não só de nossa cidade, mas da luta por moradia no país.
O Pinheirinho foi uma ocupação que existiu por oito anos. Já havia se tornado um bairro a partir da auto-organização do povo pobre, com casas, pequenos comércios, igrejas, templos e praças. Às vésperas da desocupação, depois de tantos anos de luta, havia um processo de negociação para regularização da área, que contava com a participação dos governos federal e estadual.
Porém, em dezembro de 2011, a juíza Márcia Loureiro determinou a reintegração de posse da área. A ordem de despejo chegou a ser derrubada no dia 18 de janeiro, mas, na madrugada do dia 22, mulheres, idosos e crianças foram surpreendidas em suas casas, enquanto ainda dormiam, com a presença de dois mil soldados, helicópteros, cavalaria, cães, bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha e spray de pimenta.
Um verdadeiro aparato de guerra montado pelos governos estadual e municipal de Geraldo Alckmin e Eduardo Cury, ambos do PSDB.
Com a ação truculenta e desumana, as famílias perderam tudo, sem terem tido tempo sequer para pegar documentos, roupas e demais pertences. Duas pessoas morreram em consequência da ação. Os moradores ficaram por vários meses, desalojados, vivendo em estruturas extremamente precárias montadas pela Prefeitura. Os danos morais, materiais e psicológicos trazem consequências até hoje.
Dez anos depois, o terreno do Pinheirinho de 1 milhão de metros quadrados voltou a ser uma área sem qualquer função social. A Selecta, que foi favorecida pela Justiça e pelos governos com a reintegração de posse, nunca pagou e continua sem pagar um centavo do imposto sobre o terreno.
Essa crueldade jamais poderá ser esquecida!
Para participação no ato que marca os 10 anos da desocupação do Pinheirinho, todos os cuidados relativos à prevenção ao coronavírus serão exigidos, como distanciamento social e uso de máscaras.