Organizações sérias

Entidades representativas de aposentados temem reflexos com ação da Justiça no INSS

Entidades representativas de aposentados temem reflexos com ação da Justiça no INSS
Notícias

Sede da Admap, em São José dos Campos

Além de ter lesado aposentados e pensionistas com descontos indevidos que somam mais de R$ 6 bilhões, a ação de golpistas investigada pela Justiça dentro do INSS pode afetar associações, federações e confederações sérias e representativas, que utilizam o desconto na folha do Instituto como instrumento legítimo para financiar suas atividades.

Este é o caso da Admap, com sede em São José dos Campos. Com 26 anos de história, a Associação Democrática dos Aposentados e Pensionistas do Vale do Paraíba defende os interesses do segmento, como as reivindicações junto ao governo federal, e realiza atividades culturais e de lazer.

Uma das formas de financiamento da Associação é por meio do desconto na folha do INSS, realizado por meio de um convênio com a Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), entidade nacional à qual a Admap é filiada.

"Celebramos a decisão da Justiça de investigar esse roubo criminoso que aposentados e pensionistas estão sofrendo, nos últimos anos, com esses descontos indevidos. Já havíamos alertado o governo sobre essas ocorrências. É preciso que as investigações possam ir a fundo e que as pessoas prejudicadas tenham seus recursos devolvidos o quanto antes", defende o presidente da Admap, Josias de Oliveira Melo.

A decisão do governo federal de cortar todos os convênios que possibilitam desconto em folha, anunciada ontem, deve impactar entidades regulares e representativas, como são os casos da Admap e Cobap.

"O governo federal precisa ser rápido para separar o joio do trigo, excluir os golpistas e não prejudicar as organizações legítimas que representam verdadeiramente os aposentados e pensionistas brasileiros", acrescentou Josias.

Operação
A Justiça Federal determinou nesta quarta-feira o afastamento de Alessandro Stefanutto, presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no âmbito da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU).

A ação investiga um suposto esquema de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões, que teria movimentado cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.​

A operação mobilizou aproximadamente 700 policiais federais e 80 servidores da CGU para cumprir 211 mandados de busca e apreensão, seis prisões temporárias e o sequestro de bens avaliados em mais de R$ 1 bilhão. As diligências ocorreram no Distrito Federal e em 13 estados, incluindo São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.​

Além do presidente do INSS, outros cinco servidores públicos foram afastados de suas funções.