Questão ambiental

Governo Bolsonaro é cúmplice de assassinato de Bruno e Dom na Amazônia

Governo Bolsonaro é cúmplice de assassinato de Bruno e Dom na Amazônia
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Por suas ações e omissões, Jair Bolsonaro tem grande responsabilidade pelas mortes do indigenista e servidor licenciado Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philips. O presidente da República é completamente omisso em relação à preservação da floresta e, mais do que isso, é conivente com a ação de criminosos que exploram ilegalmente os recursos da Amazônia.

Para exigir rigor nas investigações desse crime e pedir a saída do presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Marcelo Xavier, os funcionários do órgão anunciaram um dia de greve na quinta-feira (23).

“Manifestamos nossa profunda tristeza e indignação pelo assassinato bárbaro do nosso colega Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips e exigiremos a devida identificação e responsabilização de todos os culpados”, afirmou, em nota, a INA (Indigenistas Associados), associação que reúne servidores da Funai.

A INA denuncia a postura da direção do órgão, que vem promovendo uma "gestão anti-indígena e anti-indigenista na instituição". Essa diretriz, como bem se sabe, é do próprio presidente Bolsonaro.

Os servidores da Funai afirmam que o assassinato de Bruno e Dom tem como pano de fundo o brutal desmonte da Funai promovido pelo Palácio do Planalto. "Precisamos reunir forças para estruturar mínimas condições de trabalho e segurança para a execução de nossa missão institucional de promover e proteger os direitos dos Povos Indígenas".

Investigações
Após 10 dias desaparecidos, desde 5 de junho, a Polícia Federal apresentou, na semana passada, os irmãos Amarildo Oliveira da Costa e Oseney da Costa de Oliveira como os executores do crime. No final de semana, Jefferson da Silva Limia, apontado como terceiro suspeito pelas mortes, se entregou na delegacia e foi preso.

Segundo a Polícia Federal (PF), Bruno foi morto por três tiros que atingiram a cabeça e o tórax. Dom teria sido baleado uma vez no tórax.

Partes dos restos mortais de Bruno e Dom já foram encontrados, bem como a embarcação que foi utilizada por ambos, submersa a 20 metros de profundidade em um rio na região.

A PF informou que as investigações continuam e há indicativo do envolvimento de mais pessoas no crime. Contudo, declarou que os executores teriam agido sozinhos, o que foi refutado pela Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari).

Em nota, a Univaja declarou que a PF "desconsidera informações qualificadas" fornecidas pelo grupo, desde o segundo semestre de 2021, que apontam para a existência de um grupo criminoso atuando em invasões constantes à região, segunda maior área indígena do Brasil.

Bruno se tornou um dos alvos centrais desse grupo, assim como outros integrantes da Univaja que receberam ameaças de morte, inclusive, através de bilhetes anônimos.

Responsável pela Coordenação Geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato da Funai até outubro de 2019, Bruno foi exonerado pelo governo Bolsonaro sem qualquer justificativa, depois de coordenar uma operação que expulsou centenas de garimpeiros da terra indígena Yanomami, em Roraima.

Contudo, o servidor, licenciado sem remuneração, seguiu na luta em defesa dos povos indígenas e passou a prestar consultoria à Univaja sobre como defender a Terra Indígena contra a invasão de garimpeiros, traficantes e pescadores ilegais.

"A morte de Bruno e Dom escancara essa situação de violência que é vivenciada por mais de 300 povos indigenas e por aqueles que lutam pelas causas sociais neste país. Até quando permitiremos isso? As pessoas precisam conhecer e entender essa realidade e ataques como o Marco Temporal, para derrotarmos não só esse governo, mas lutar para acabar com essa situação que atinge todos nós", afirmou Raquel Tremembé, integrante da Executiva Nacional da CSP-Conlutas e da Anmiga (Associação de Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade).