Numa semana em que os meteorologistas preveem mais chuva e frio no Rio Grande do Sul, a situação para a população é desesperadora, um mês depois do início das fortes chuvas que provocaram a catástrofe climática.
Por conta disso, o governo anunciou a suspensão de aulas em Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande na segunda e terça-feira. De acordo com levantamento do estado, 246 mil estudantes ainda não voltaram às aulas por causa das enchentes que devastaram o estado, o que correspondem a 33% de todos os alunos. Desses, cerca de 90 mil, não têm data de retorno prevista.
A situação nas escolas é apenas um exemplo do caos que ainda impera no RS. Um mês após o início de fortes chuvas que provocaram a maior tragédia climática no estado, o cenário ainda é de destruição e calamidade pública.
Em Porto Alegre, o risco de novas enchentes, a depender das chuvas, e a contaminação de doenças, como leptospirose, assombram a população.
Segundo a Defesa Civil, 169 pessoas morreram e cerca de 50 ainda permanecem desaparecidas; 800 pessoas se feriram.
Em todo o estado, 581.638 estão desalojadas (tiveram de sair de suas casas e estão na casa de parentes, por exemplo) e 55.813 pessoas estão desabrigadas, vivendo em abrigos.
Muita lama, montanhas de lixo pelas ruas, com móveis, eletrodomésticos e pertences de quem perdeu tudo com as enchentes, revelam um cenário de guerra e destruição.
Mesmo onde o nível das águas baixou, a população não consegue limpar suas casas, pela simples falta de água e energia elétrica. Há famílias que estão há 23 dias sem luz e lutam para conseguir água potável.
Inversão de prioridades
Apesar de todo o drama vivenciado pela população, sobretudo os mais pobres e vulneráveis, os grandes capitalistas não perdem a oportunidade para lucrar e atacar direitos trabalhistas.
No dia 17, grandes indústrias enviaram um pedido ao governo Lula de um “pacotão de bondades” com um custo de cerca de R$ 100 bilhões. Além da isenção de impostos e subsídios com dinheiro público, também querem a permissão de reduzir direitos dos trabalhadores. Um absurdo!
A iniciativa patronal demonstra como o empresariado e o agronegócio já se movimentam para apresentar seus “prejuízos” e reivindicar uma ajuda bilionária do Estado. Com o discurso da “defesa dos empregos” e da produção agrícola, o objetivo é ter a prioridade na alocação dos recursos em meio à atual situação de calamidade e no processo de reconstrução do estado, que teve cerca de 90% dos municípios afetados pelas chuvas e enchentes.
Para a CSP-Conlutas, as medidas emergenciais e as reparações necessárias, ao contrário, devem estar a serviço da população pobre, trabalhadoras e trabalhadores, pequenos comerciantes e pequenos empresários que foram vítimas diretas da negligência dos governos e da ação predatória do capitalismo.
É preciso que se diga também que a responsabilidade pela tragédia que agora afeta a população é responsabilidade direta de todos os governos que agem com descaso e negligência diante da crise climática que a ganância capitalista agrava a cada dia.
Nesse sentido, é um lamentável que, novamente, a maioria das centrais sindicais – a serviço da colaboração com o governo Lula – priorize reivindicações de “comissões e câmaras setoriais” com a burguesia.
É hora de exigir que não haja nenhuma demissão ou outras crueldades que já se manifestam em diversos locais de trabalho no RS.
É hora de lutar contra as tentativas do governador Eduardo Leite (PSDB) e do prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo (MDB) de criarem “cidades de lonas” (campos de concentração) para segregar os desabrigados.
A direção estadual da CSP-Conlutas no Rio Grande do Sul elaborou um plano emergencial em defesa da classe trabalhadora e do povo oprimido e defende que é hora de organizar uma mobilização independente da nossa classe rumo a uma reconstrução do RS que não esteja a serviço dos mesmos capitalistas que produziram a atual catástrofe.
Campanha de solidariedade
Sem deixar de cobrar a responsabilidade dos governos, que agem de forma negligente diante da crise climática e são diretamente responsáveis pela catástrofe ambiental e social que afeta a população gaúcha, a CSP-Conlutas segue realizando a campanha financeira de solidariedade para ajudar famílias atingidas.
As doações podem ser feitas via PIX ou depósito/transferência bancária.
As contribuições devem ser feitas via PIX, através da chave: financeiro@cspconlutas.org.br, ou ainda via depósito/transferência para Banco do Brasil, agência 3520-3, conta corrente 26261-7, CNPJ 07.887.926/0013-23, CSP-Conlutas Central Sindical e Popular.
As doações estão sendo destinadas pela direção estadual da CSP-Conlutas do Rio Grande de Sul à assistência de famílias atingidas.